BioShock: Uma redenção para os jogos de tiro

BioShock: Uma redenção para os jogos de tiro

Quando tudo levava a crer que os jogos de tiro em primeira pessoa estavam passando por um longo período de estagnação, com títulos que pouco inovavam em relação às suas narrativas, eis que surge o instigante BioShock para mudar completamente esse cenário. Ansiosamente aguardado desde setembro do ano passado, quando um vídeo demonstrando trechos do jogo em ação foi divulgado, somente na semana passada, com o seu lançamento oficial, foi possível perceber o quão ambicioso é o seu enredo, que soma a inconfundível ação dos antigos filmes de ficção científica com novos e empolgantes elementos que remetem ao futuro.

Tendo como ponto de partida o ano de 1960, época em que a Guerra Fria projetava uma sombra de insegurança por toda a humanidade, o jogador assume o papel do protagonista Jack, aparentemente o único sobrevivente de um acidente aéreo ocorrido enquanto ele sobrevoava o Oceano Atlântico. Precisando lutar pela sua sobrevivência, ele nada até um distante e sinistro farol em busca de socorro. Mas ao invés de encontrar alguém para auxiliá-lo, faz uma descoberta perturbadora: uma misteriosa passagem que o leva até uma metrópole subaquática conhecida como Rapture.

Construída um ano após o término da Segunda Guerra Mundial, essa metrópole incomum parece ser uma espécie de abrigo projetado para promover o total isolamento do mundo externo, oferecendo desde recursos próprios para a geração de energia elétrica e a produção de alimentos, até sofisticados equipamentos de auto-defesa.

Mas o que poderia ser considerado como um local ideal para acolher uma suposta sociedade utópica, com o tempo acabou se transformando em um ambiente hostil habitado por bizarras criaturas com alterações genéticas. Caberá ao jogador desvendar os quais os mistérios que rondam esse estranho local e encontrar uma forma de escapar ileso desse grande –e perigoso—pandemônio.

Variadas possibilidades de armamentos é outro ponto forte

A trama densa e carregada de suspense não é o único atrativo do jogo. A variedade de armamentos que podem ser empregados durante o decorrer da história é outro fator que chama a atenção. Praticamente todos os itens que estão presentes nos cenários podem ser transformados em um objeto com potencial para atacar ou se defender, proporcionando um elevado grau de liberdade e interatividade raramente visto em um jogo do gênero. Mas isso não é nada quando comparado com uma outra possibilidade bem mais interessante: a mutação do personagem através da biotecnologia.

Capturando um elemento específico espalhado em locais estratégicos, é possível ativar duas categorias distintas de habilidades. A primeira, chamada de Plasmids, tem um papel mais ativo durante os ataques, dando ao personagem a capacidade de lançar descargas elétricas a partir das pontas dos dedos (ideal para eletrocutar vários inimigos que estejam em uma poça de água), incinerar objetos e até alterar a trajetória das bombas lançadas, permitindo que as mesmas retornem ao seu lugar de origem. Capacidades mais discretas, mas igualmente necessárias em determinados pontos da aventura, também estão presentes, como a bola que desvia a atenção de todos os inimigos de um mesmo ambiente (incluindo as câmeras de vigilância), o ação que resulta nos inimigos brigarem entre si.

A segunda categoria, intitulada Tonics, representa os poderes secundários que são usados em conjunto com os Plasmids, destravando capacidades como um aumento considerável de agilidade para se movimentar e o útil poder da camuflagem, que torna o personagem invisível após alguns breves segundos sem se mover. E embora essas capacidades possam a princípio soares demasiadamente fantasiosas, elas se encaixam perfeitamente no contexto, sendo de fundamental importância saber como usá-las e a maneira mais eficiente de combiná-las.

Cenários de tirar o fôlego!

Usando como base uma versão aperfeiçoada do Unreal Engine 3, os gráficos não deixam absolutamente nada a desejar. Constantemente dando a impressão de que estamos participando de um filme interativo, os cenários, muito bem definidos, cumprem bem o seu papel, incentivando a exploração dos ambientes nos seus mínimos detalhes. As animações, aplicadas nos movimentos das águas, fundamental por ser um elemento onipresente devido ao jogo se passar em uma estação submersa em que os vazamentos são inevitáveis, são incrivelmente naturais e realísticos.

Outro destaque fica por conta da competente direção de arte. Compondo um clima ora sombrio, ora carregado no suspense, a tensão não é aliviada em nenhum momento. A trilha sonora incidental, em conjunto com a narração dos personagens e os efeitos sonoros, também contribuem para a imersão total nesse estranho universo, sendo muitas vezes os responsáveis diretos pelos momentos mais dramáticos da aventura.

Com lançamento simultâneo para os PCs e o Xbox 360, recentemente foi levantada a dúvida sobre qual seria a melhor plataforma para os usuários que possuem ambos os sistemas. E embora os dois apresentem quase as mesmas características, é possível destacar algumas diferenças. A primeira e mais importante é que, para rodar o jogo no PC com o máximo de detalhes, é preciso possuir um computador parrudo, enquanto que no console da Microsoft não é preciso se preocupar em atualizar o hardware. Por outro lado, usar o mouse e o teclado para controlar as ações é bem mais prático, especialmente nas sequências mais frenéticas onde a precisão para mirar é fundamental. Com exceção desses fatores, a escolha pouco difere, já que até os gráficos são similares nos dois sistemas.

Teste o jogo gratuitamente!

Quem quiser testar o jogo e ver se o seu equipamento irá suportá-lo, uma versão gratuita de avaliação pode ser obtida nesse endereço. Apresentando a sequência inicial da história, e as missões introdutórias, o arquivo de instalação tem pesadíssimos 1.8GB. Mas é uma alternativa razoável enquanto o título não é oficialmente lançado no Brasil.

Devido ao esforço de lançar um jogo de tiro com uma proposta realmente diferente, apresentando um enredo original que prende a atenção até o final, BioShock certamente entrará no hall dos grandes títulos do gênero. E embora muitos possam inicialmente considerá-lo como uma continuação do aclamado System Shock 2 (criado pela mesma produtora, a 2K Games), o título incorpora novidades significativas e é uma indispensável opção para que aprecia o estilo. Mais detalhes no site oficial.

Requisitos

Rodar o jogo com todos os detalhes no máximo exigirá uma máquina parruda. Os requisitos mínimos necessários são: Windows XP SP2 ou Vista, Pentium 4 de 2.4GHz, 1GB de memória RAM, placa de vídeo NVIDIA 6600 ou equivalente da ATI, e 8GB de espaço livre no HD.