Boom Blox: Para detonar as estruturas
Quando as primeiras informações sobre o Nintendo Wii começaram a ser divulgadas, um detalhe chamou a atenção: a introdução do Wiimote, um controle sem-fio capaz de detectar os movimentos realizados livremente pelos jogadores e que eram realisticamente replicados na tela.
Na época considerado como um promissor dispositivo que poderia trazer uma série de oportunas inovações na maneira com que os jogos poderiam ser manipulados, o controle superou todas as espectativas logo no título de estréia, o divertido WiiSports, que acompanhava o console e que dava ao jogador a liberdade para participar de animadas competições de tênis, golfe, boxe, boliche e baseball usando nada mais do que movimentos reais e intuitivos.
O revolucionário controle, no entanto, por ser versátil e não estar limitado a recriar apenas os movimentos das competições esportivas, rapidamente contribuiu para o surgimento de dezenas de títulos criados para explorar as novas possibilidades da animadora tecnologia. E um dos mais recentes esforços nesse sentido é o quebra-cabeças Boom Blox, desenvolvido pela Electronic Arts e que é um excelente exemplo de como é possível extrair com competência todas as capacidades proporcionadas pelo controle em um jogo que mistura diversão descompromissada com enigmas intrigantes e desafiadores.
Idealizado por Steven Spilberg, o jogo, que mistura elementos de títulos consagrados como Tetris, Quebra-Tijolos e o divertido Jenga (passatempo composto por pequenos blocos reais de madeira), apresenta desafios que se dividem basicamente em duas categorias. A primeira consiste em impedir que a estrutura de blocos seja detonada, tirando cuidadosamente um determinado numero de peças de forma a evitar que as construções entrem em colapso.
Na segunda, o que vale é exatamente o contrário, tendo que destruir as estruturas usando criativamente o Wiimote para lançar bolas ou mirar com precisão armas que disparam laser ou líquidos em pontos específicos das estruturas.
Sob esse aspecto, o que mais chama a atenção é a sofisticação do mecanismo de simulação física que foi incorporado ao game. Além de ser o responsável pela reprodução de realísticas animações durante os desmoronamentos cinematográficos das peças, o mecanismo leva em consideração uma série de variáveis que devem ser levadas em consideração durante as partidas. A intensidade aplicada nos lançamentos é uma delas, em que o jogador deverá calcular a força necessária para atingir corretamente o alvo e que nem sempre é fácil de determinar, devido as bolas terem pesos diferentes e a ação da gravidade desempenhar um papel determinante.
Mas isso não é tudo. Contribuindo para aumentar a variedade de desafios e a diversidade de táticas que podem ser aplicadas, foram incluídas peças que se comportam de maneira completamente distintas. Por exemplo, há blocos de material gelatinoso que não oferecem uma base estável para as demais peças nelas apoiadas, oferecendo um risco de desmoronamento dependendo apenas das vibrações ocorridas ao seu redor. Os blocos explosivos, por sua vez, causam uma reação em cadeia que, dependendo da tarefa, nem sempre produzem os resultados esperados.
Há ainda os blocos que estão associados a valores que podem ser positivos ou negativos e que refletem diretamente na pontuação do jogador, os blocos químicos que somente iniciam uma reação quando entram em contato com outros blocos da sua categoria e muito mais. Portanto, para obter sucesso, o jogador precisará realizar algumas experiências de tentativa e erro para conhecer as funções de cada uma dessas peças e encontrar os meios que são mais eficazes para utilizá-los de forma a alcançar os objetivos sem causar maiores danos.
Ao todo, são oferecidas duas modalidades diferentes de atuação para um único participante. Em Explore, cada estágio representa um quebra-cabeça específico que tem como finalidade introduzir alguns dos mecanismos empregados pelo game. Projetados para aperfeiçoar as habilidades do participante, limitações com impôr um limite de tempo para concluir uma fase ou ter um número reduzido de lançamentos tornam as partidas ainda mais exigentes e emocionantes.
O mesmo ocorre na modalidade Adventure, em que o jogador será conduzido linearmente por uma história que percorre por cenários temáticos e que proporcionam desafios variados como abrir um caminho para que os demais personagens possam avançar ou a heróica tarefa de proteger os frágeis castelos durante uma iminente invasão.
Quando há mais de um participante, a modalidade Party, que inclui 100 fases diferentes, certamente será a opção a mais atraente. Suportando até quatro jogadores simultaneamente, é possível participar de forma cooperativa, em que todos devem ajudar a destruir ou construir uma estrutura seguindo as exigências da fase, ou competir entre si na árdua tarefa de acumular o maior número de pontos. Em ambos os casos, é possível que todos participem ao mesmo tempo, tendo a tela dividida pelo número total de participantes, ou jogar por turnos. E se não bastasse, há ainda um prático editor que facilita a criação de estágios personalizados que podem ser posteriormente distribuídos pela rede.
Possivelmente um dos melhores quebra-cabeças a surgir para o Nintendo Wii nesse ano, Boom Blox não desaponta em nenhum momento. Cumprindo bem o seu papel de proporcionar um divertido e instigante passatempo, o título também se destaca pelo uso competente do Wiimote, levando o jogador a testar habilidades que demandam boa pontaria, uma excelente percepção visual e a capacidade de resolver enigmas nem sempre óbvios e que exigem movimentos precisos para serem solucionados. Enfim, uma forma de entretenimento de altíssima qualidade e que, sem dúvida alguma, agradará a família inteira.
E quem não possuir o console da Nintendo, é possível ter uma experiência similar com o PC em jogos que apresentam desafios envolvendo a destruição de estruturas compostas por pequenas peças empregando apenas a pontaria e a astúcia? Mesmo que sejam usados apenas o mouse e o teclado? Esse será o assunto da coluna da semana que vem. Até lá!