Cenário Independente Promove a Inovação dos Jogos
Mesmo levando em consideração o avanço tecnológico que os jogos vêm apresentado nesses últimos anos, com gráficos cada vez mais realísticos e efeitos sonoros surpreendentes, muitos ainda questionam sobre a pouca inovação oferecida pelos mais recentes lançamentos. Argumentando que o uso recorrente de fórmulas atualmente saturadas e o emprego de mecanismos gráficos pré-produzidos limitam a variedade de opções relacionadas à jogabilidade, muitas vezes as discussões citam os jogos lançados há mais de uma década, onde era preciso investir mais na elaboração dos desafios para compensar os gráficos menos sofisticados.
Procurando preencher essa lacuna e conquistar uma fatia do lucrativo mercado dos games, estudantes e pequenas produtoras independentes têm investido cada vez mais nesse filão, produzindo jogos que tentam ser diferentes e inovadores. E embora grande parte deles ainda sejam considerados como projetos meramente experimentais, alguns têm se destacado, em parte pelo grau de profissionalismo das produções e pelo uso de tecnologias relativamente novas, como a simulação física apurada e o uso de inteligência artificial como principais coadjuvantes.
Um bom exemplo é o Nero. Com o objetivo de trazer novos elementos aos jogos de estratégia, ao invés de controlar um exército em tempo real, em que instruções são dadas durante o andamento das batalhas, as táticas de combate e defesa são definidas em seções de treinamento realizadas antes dos confrontos, onde um avançado sistema de inteligência artificial se encarregará do aprendizado de cada uma das habilidades dos soldados e guiará as suas ações em campo. O sucesso da missão dependerá de como a tropa foi instruída, sendo o ganhador aquele que melhor souber prever as dificuldades de um confronto.
Com um tema mais pacífico, The Blob, criado por um grupo de estudantes e que ficou pronto em apenas 4 meses, algo notável pela complexidade do jogo, também oferece um desafio singular. Com o objetivo de dar cara nova a uma pálida cidade, o jogador deve manipular os movimentos de um objeto que absorve as cores dos pedestres e, com isso, colore prédios, carros e árvores. Incentivando a exploração de um cenário tridimensional vasto e detalhado, o jogo também estimula a descoberta de novas manobras, necessárias para alcançar locais de difícil acesso e para se desvencilhar da polícia.
Incorporar múltiplos elementos em um só jogo também tem produzido bons resultados, como o divertido quebra-cabeças Eets. Misturando o conceito do clássico “Lemmings”, com a variedade de mecanismos de “The Incredible Machine”, o desafio consiste em posicionar corretamente uma série de itens pelos cenários e saber como e quando sincronizar cada uma das ações.
Outro jogo que merece destaque nessa categoria, Frets on Fire agrega a febre de “Dance Dance Revolution” com teste de digitação e noções rítmicas, desafiando o jogador a reproduzir com precisão as notas de uma música usando o intervalo de teclas F1-F5 e ENTER. Além das três músicas incluídas, um editor para criar as próprias sequências também faz parte do pacote.
Mas em matéria de criatividade, alguns desenvolvedores vão além, oferecendo novos meios de controlar personagens e objetos, dispensando o uso do teclado, mouse ou joystick. No curioso Racing Pitch, um veículo pode ser controlado usando apenas um microfone, onde o jogador deve simular o ruído de um motor para fazê-lo se movimentar pelas pistas.
Uma proposta similar é oferecida por Blow, em que é preciso assoprar no microfone para fazer com que o personagem flutue e não seja atingido pelos disparos.
Outras centenas de exemplos que procuram trazer alguma inovação aos mundo dos jogos podem ser encontrados na internet, em sites especializados como Experimental Gameplay e IGF.