Games de Habilidade: A mais divertida forma de dominar o mouse
Para trabalhar com máxima eficiência no computador, é preciso desenvolver, no mínimo, duas importantes habilidades: o domínio do teclado, a ponto de escrever longos textos rapidamente sem que sejam cometidos erros ou que seja preciso olhar fixamente para as suas teclas; e a exatidão nos movimentos realizados com o mouse, elemento crucial em uma interface gráfica e que cuja relevância nem sempre recebe a devida atenção.
Em relação ao aperfeiçoamento do uso do teclado, vimos anteriormente que há toda uma sorte de aplicativos e jogos desenvolvidos especialmente para treinar o usuário a memorizar o correto posicionamento das teclas (releia a coluna aqui e aqui), transformando uma tarefa que poderia ser um tanto monótona em um divertido passatempo. Mas quanto ao uso do mouse, seria possível obter um resultado similar através dos jogos que exploram os testes de habilidade?
Atualmente, quase todos os jogos oferecem a opção de usar o mouse para desempenhar algumas ações dentro do seu contexto. Porém, como as suas funções frequentemente estão restritas a um limitado conjunto de operações, como a alteração da perspectiva da câmera ou a definição da mira para um disparo, usá-los para aprimorar gradativamente a habilidade no mouse nem sempre produzirá os melhores resultados. Principalmente porque ainda será preciso usar o teclado, ou um gamepad, para exercer as demais funções.
Nesse caso, a opção mais adequada seria contar com os jogos desenvolvidos especificamente para esse propósito, que concentrassem todas as suas ações no mouse e que submetessem o jogador a desafios com dificuldades crescentes envolvendo esse único dispositivo. E é exatamente esse segmento que alguns desenvolvedores independentes estão investindo, criando desafios estimulantes que misturam elementos já consagrados de outros jogos com complexos –e nada maçantes– testes de habilidade.
Combate inimigos traçando linhas de giz.
Um dos que chamaram mais a atenção nessas últimas semanas é o divertido Chalk, criado por Joakim Sandberg e que aposta firmemente na coordenação motora do jogador e na sua capacidade de antecipar os futuros obstáculos. Dispensando integralmente o uso do teclado, e usando um bastão de giz virtual como única arma, para salvaguardar o personagem principal será preciso “desenhar” o contorno dos diversos obstáculos que surgem progressivamente na tela.
Usando como referência os pontos destacados dos objetos, e sabendo que a extensão de uma linha não pode ultrapassar um limite pré-estabelecido, ter precisão na hora de fazer os traços é de suma importância para se manter no jogo, principalmente nos níveis mais avançados que envolvem figuras geométricas cada vez mais complexas e em maior número. E como em todo bom jogo, o desafio não está limitado a um único objetivo. A destruição dos chefões de fase, cada um com um ponto-fraco a ser descoberto pelo jogador, é um atrativo à parte, assim como os frenético método de combates às aeronaves, que devem ser abatidas traçando uma linha que as conecte de volta às suas próprias balas. Muito divertido, mas nada fácil.
Clicando no momento certo da música.
Exigindo rigor no posicionamento do cursor e bastante sangue frio para clicar apenas no momento certo, ClickBeat é um irresistível convite para os apreciadores dos jogos que exploram ritmos musicais. Inspirado no popular Elite Beat Agents, do Nintendo DS, o desafio consiste em acompanhar as batidas clicando nos vários botões que são revelados progressivamente na tela. Dependendo da música escolhida, além de requisitar uma visão aguçada para acompanhar a frenética trajetória da de botões sem se distrair com as animações de fundo, será preciso ter uma excelente coordenação motora para não atravessar o ritmo ou clicar fora dos botões. Dezenas de missões extras, desenvolvidas pelos colaboradores do projeto ou enviados pelos participantes da comunidade oficial do jogo, podem ser transferidas gratuitamente no site oficial (na seção “Scripts”), que também fornece instruções simplificadas sobre como criar seus próprios estágios personalizados.
Exatidão garante o sucesso em versão virtual de um antigo clássico.
No interessante quebra-cabeças Balance, baseado no célebre passatempo de madeira “Labyrinth”, o que conta não são os cliques, mas os movimentos precisos e bem calculados do mouse que, mudando a orientação do tabuleiro, irá transportar as bolas prateadas para as suas respectivas caçapas. Com mais de 50 níveis, apinhados de armadilhas e engenhosas ciladas, o mais importante é a exatidão do deslocamento e o estudo das particularidades dos estágios, onde um movimento em falso pode colocar tudo a perder.
Quebra-cabeças solucionados a partir de desenhos.
E para quem desejar se aperfeiçoar na arte de desenhar usando apenas o mouse, o jogo Crayon Physics pode ser um bom começo ou um excelente exercício. Com gráficos simples, que relembram os desenhos feitos com lápis de cera, mas incorporando um eficiente módulo de simulação física, é preciso promover o encontro de uma bola até a estrela. Como o caminho a ser percorrido deve ser desenhado livremente pelo jogador, levando sempre em consideração fenômenos como gravidade, inércia e força, e suportando linhas (que funcionam como tábuas), bolas e retângulos, o jogo oferece ao todo 7 estágios. Planejar soluções que criam engenhocas virtuais para contornar as limitações do ambiente não será nada fácil, mas o resultado –incluindo ver os desenhos ganhando vida no papel—é, no mínimo, recompensador.
Proporcionando testes elaborados que mesclam coordenação motora, acuidade visual e rapidez de raciocínio, esses jogos são muito mais do que simples passatempos. São divertidos exercícios para quem todos que desejam aprimorar os seus movimentos com o mouse.