The Spiderwick Chronicles: Aventuras em um universo fantástico com criaturas mágicas
Graças ao enorme sucesso gerado pelas adaptações em filme e game das aventuras protagonizadas pelo aprendiz de bruxo Harry Potter, diversas obras literárias direcionadas para o público infanto-juvenil conseguiram ganhar fôlego para se aventurar em outras mídias fora das páginas dos livros.
Bons exemplos é o que não faltam. Além dos interessantes A Bússola Dourada, primeiro livro da trilogia Fronteiras do Universo escrita por Philip Pullman, e As Crônicas de Nárnia, inspirada na coleção de livros produzidos por C. S. Lewis, mais um título a explorar o mesmo gênero que mistura universos fantasiosos com criaturas mágicas acabou de surgir tanto no cinema quanto nos games: As Crônicas de Spiderwick (The Spiderwick Chronicles, no original), baseado nos principais eventos dos três primeiros livros escritos por Holly Black e ilustrados por Tony DiTerlizzi.
A boa notícia é que o título, desenvolvido pela Stormfront Studios e distribuído pela Sierra Games, surpreende pela produção caprichada. Misturando ação, aventura, exploração de ambientes fantásticos e a sempre bem-vinda necessidade de resolver enigmas para avançar na trama, o jogo, que além da versão para os PCs também está disponível para a maioria dos atuais videogames, proporciona todos os elementos que certamente agradarão aos que viram o filme ou leram os livros.
Seguindo fielmente a trama do filme, e usando com freqüência pequenos clips com alguns dos trechos mais relevantes da película para pontuar a história durante o desenrolar das missões, a aventura começa quando a Sra. Grace se muda com os seus três filhos –a primogênita Mallory e os gêmeos Jared e Simon—para a mansão conhecida como Spiderwick Estate.
Antiga propriedade de Arthur Spiderwick, tio de Grace e que desapareceu após circunstâncias misteriosas, logo é descoberto no local uma passagem secreta que leva a um cômodo onde estão armazenados os antigos estudos de Arthur. Ao explorá-lo com mais afinco, Jared acaba encontrando um curioso livro com informações sobre como entrar em contato com um universo paralelo habitado por criaturas mágicas. Ignorando o aviso de que o livro não deveria ser aberto pois poderia trazer graves conseqüências, Jared acaba levando-o para o seu quarto para estudá-lo com mais calma. Ao folheá-lo sem maiores preocupações, ele acaba despertando o temido ogro Mulgarath, que fará de tudo para possuir as preciosas informações presentes no livro na tentativa de obter o poder absoluto sobre as criaturas desse universo.
Nesse ponto, a mecânica empregada pelo jogo fica mais clara. Com uma perspectiva em terceira pessoa, é possível assumir o controle de quatro personagens diferentes, cada um com habilidades específicas. Mallory, por exemplo, é uma exímia espadachim que pode produzir ataques velozes e eficientes. Jared, por outro lado, é o mais forte de todos, apesar da sua capacidade de lançar objetos com o seu estilingue nem sempre produzir o resultado esperado.
Simon, por sua vez, além de possuir uma pistola que dispara doses de suco, também pode lançar objetos explosivos. Por último, há ainda a possibilidade de controlar o Thimbletack, protetor do trio e que consegue explorar pequenas áreas de difícil acesso. Porém, a não ser na última missão, o jogador não poderá escolher livremente o personagem que será controlado.
Por ter sido desenvolvido com a intenção de agradar aos jogadores mais jovens, o sistema de combate foi simplificado e envolve o uso de apenas um botão para desferir os golpes. Inclusive nos casos em que o jogador tiver destravado as habilidades extras. E embora essa simplicidade possa irritar a longo prazo os jogadores mais experientes, ela não chega a desabonar o título, reforçando o propósito dos produtores de criar um título que valorizasse a diversão em detrimento a um sistema avançado de luta.
Durante boa parte da jornada, será preciso cumprir uma série de interessantes tarefas. Capturar itens importantes para a conclusão das missões é uma delas, destacando um método de atuação pouco convencional nos jogos do gênero: como não há um inventário para armazená-los, não é possível recolher livremente todos os objetos encontrados pelo caminho. Será preciso memorizar as suas localizações e retornar aos seus respectivos pontos quando um determinado item for realmente necessário.
Para dar aos personagens habilidades extras, um método bastante curioso foi empregado. Ao invés de simplesmente obter um item que irá destravar capacidades úteis como uma intensidade maior de força, velocidade ou uma rápida recuperação, o jogador terá que capturar os sprites e pintá-los de acordo com o seu padrão. Os quebra-cabeças, a princípio relativamente simples, também são intrigantes, principalmente nos estágios mais avançados em que é realmente preciso pensar antes de conseguir resolver um enigma.
Outra boa surpresa é em relação aos gráficos, que são bastante caprichados para um título primariamente direcionado ao público infanto-juvenil. Apresentando cenários que conseguem recriar com expressiva competência os ambientes fantásticos retratados pela obra, há ainda uma série de efeitos visuais sofisticados que contribuem para maximizar a experiência do jogador de estar em um universo marcado por mistérios e seres mágicos –mesmo que, em muitas vezes, os ambientes possam parecer um tanto sombrios. Além disso, o setor de áudio também não foi negligenciado, proporcionando uma trilha sonora composta por James Horner (o mesmo responsável por trilhas de filmes como Titanic e Uma Mente Brilhante, entre outros).
Apesar da simplificação de alguns elementos relacionados à jogabilidade, As Crônicas de Spiderwick não decepciona. Podendo ser facilmente considerado como um entretenimento leve e divertido para os que assistiram ao filme ou leram o livro, o título consegue se destacar pela liberdade que é dada quando é preciso explorar os belos e vastos ambientes. Exigir do jogador analisar problemas e encontrar soluções para resolver os enigmas é outro ponto positivo, embora o nível de dificuldade possa frustrar os jogadores mais experientes.
Contudo, mesmo para esses jogadores, o título pode ser interessante para quem deseja se divertir sem maiores pretensões. Detalhes sobre o jogo e uma relação das plataformas suportadas podem ser obtidos nesse endereço.
Requisitos
Mesmo com belos gráficos, os requisitos mínimos não são muito exigentes: um processador de 1.5GHz, 512MB de memória RAM, 3GB de espaço livre no HD, placa de vídeo NVIDIA GeForce 6600GT ou equivalente da ATI e um drive de DVD.