Tomb Raider Anniversary: Mesmo após uma década, Lara Croft continua detonando
Em matéria de jogos para os PCs, o ano de 1996 foi um dos mais significativos e relevantes em relação à influências consideradas como absolutas até hoje. Títulos como Duke Nukem 3D e Quake, por exemplo, conseguiram consolidar o gênero tiro em primeira pessoa com seus cenários tridimensionais e a ação frenética do início ao fim. Diablo, por sua vez, inaugurou um novo sub-gênero no RPG, investindo na ação ao mesmo tempo em que explorava o sempre popular conflito entre o céu e o inferno. E para fechar esse mesmo ano, em novembro foi lançado o igualmente clássico Tomb Raider, que fascinou toda uma geração por incorporar dezenas de ousadas inovações no segmento de aventura e por introduzir a mais carismática e amplamente conhecida heroína do universo de entretenimento eletrônico: a culta, habilidosa e bela arqueóloga Lara Croft.
O notável sucesso de Tomb Raider, no entanto, não foi por acaso. Transportando o jogador para os mais remotos cantos do planeta em busca de um misterioso amuleto, o título misturava desde a exploração dos bem projetados cenários em busca de passagens secretas e a captura de itens cruciais para solucionar os enigmas, até a frenética ação pelas mais vertiginosas plataformas e os imprevisíveis combates a ameaças que incluiam corpulentos ursos, perigosos lobos selvagens, insólitos dinossauros e até bizarras múmias. Tudo em um tom bastante equilibrado e que tinha a capacidade de envolver o jogador em uma trama cativante e repleta de imprevistos.
E dentre todos os jogos lançados nesse mesmo ano, as aventuras de Lara Croft foi a que teve o maior número de sequências, incluindo edições de luxo, pacotes de expansão e filmes inspirados no game. E embora isso possa ter mantido vivo o interesse dos fãs por um longo período, com o passar dos anos a fórmula começou a demonstrar sinais claros de cansaço, com títulos que pouco acrescentavam em matéria de originalidade e que careciam de melhorias significativas no seu mecanismo gráfico, até então desgastado e um tanto defasado.
Com o anúncio do lançamento para 2006 de Tomb Raider: Legend, o sétimo da série e o primeiro a ser desenvolvido pela Crystal Dynamics (que assumiu completamente o projeto no lugar da Core Design, desenvolvedora de todos os títulos anteriores), tudo indicava que a franquia finalmente receberia o tão aguardado e oportuno sopro renovação. E, de fato, foi o que aconteceu. O seu novo mecanismo gráfico trouxe vida nova às exóticas locações, as missões foram submetidas a um cuidadoso processo de planejamento para prender o interesse do jogador até o fim, e os enigmas passaram a ser mais sofisticados sem se tornarem excessivamente complicados ou monótonos.
Somados todos esses elementos, além da cartada de mestre de trazer de volta o criador da personagem, Toby Gard, afastado desde a primeira edição, o resultado foi uma das melhores continuações desde Tomb Raider II (confira a demo nesse endereço. Mas os planos para a volta triunfal não terminavam por aí.
Aproveitando o seu recente sucesso, e celebrando o aniversário de 10 anos da série, a Crystal, em parceria com a Eidos, preparou um presente à altura para satisfazer tanto aos saudosistas quanto aos novos jogadores ainda não familiarizados com as origens da história: a total recriação da primeira aventura, usando uma versão aperfeiçoada do mecanismo gráfico de Legends e apresentando missões substancialmente expandidas. E a versão de demonstração, com pouco mais de 260MB e que oferece na íntegra a terceira fase, The Lost Valley, já pode ser transferida gratuitamente nesse endereço. E, sem cometer maiores exageros, vale a pena.
Apesar da história ser praticamente a mesma, centrada na busca das partes que completam o misterioso amuleto conhecido como Scion da Atlântida e que garante plenos poderes ao indivíduo que o possuir, o cenários –ambientados em localizações como Peru, Grécia, Egito e o mitológico continente perdido de Atlântida– estão bem mais amplos e há uma série de novas passagens secretas a serem descobertas. A resolução dos quebra-cabeças, elemento marcante e recorrente da série, não mais serão resolvidas apenas com o raciocínio lógico. Será preciso realizar verdadeiras acrobacias para chegar aos pontos de resolução, colocando em teste tanto o senso de oportunidade do jogador, como a sua capacidade de sincronizar movimentos precisos.
Mas o que mais se destaca em relação ao jogo original é o seu aspecto gráfico. Visualmente, o jogo não deixa nada a desejar se comparado com os vídeo-games de última geração. Com um código extremamente otimizado, mesmo em computadores menos possantes é possível obter gráficos deslumbrantes, com cenários repletos de efeitos visuais como partículas de poeira suspensas no ar e raios de luz que invadem o interior das cavernas.
A antiga queixa de que o controle de câmera frequentemente atrapalhava a visão dos cenários em alguns momentos foi completamente sanada e, graças à eficiente simulação física incorporada no game, os movimentos da Lara, perfeitamente modelada, estão bem mais fluídos e dinâmicos, abrindo novas possibilidades de ação e que resultam em uma experiência única e recompensadora. A excelente dublagem dos personagens, assim como a música incidental e os efeitos sonoros, também são dignos de nota, contribuindo bastante para a ambientação.
Além de todos os demais elementos presentes no original, há também outras características interessantes, como a possibilidade de completar os objetivos usando mais de um caminho, um conjunto bem variado de armamentos, um sistema robusto para evitar pulos imprecisos, a capacidade de mirar livremente para qualquer ponto do cenário (a mira automática continua presente, mas é opcional) e as vibrantes sequências animadas que dependem da interatividade do jogador para serem avançadas.
Com lançamento previsto para esse mês nos EUA e na Europa, já foram confirmadas as versões para os PCs, Playstation 2, PSP e Nintendo Wii. E embora ainda não haja uma data definida para o jogo chegar ao Brasil, a versão de demonstração comprova o notável esforço da Eidos em renovar dignamente a franquia, produzindo um título que se torna essencial para os antigos fãs e é um sedutor convite para os que ainda não tiveram a oportunidade de conhecer a série mas que não dispensam um bom jogo de aventura. No fim das contas, Tomb Raider: Anniversary é um valioso resgate a um dos maiores e mais influentes clássicos do gênero.
Requisitos
Compatível com Windows 2000, XP e Vista, para rodar a versão de demonstração será preciso ter, no mínimo, um Pentium 3 de 1.4Ghz ou equivalente, 512MB de RAM, placa de vídeo equipada com 64MB de RAM e compatível com o DirectX 9.0c e 1.5Gb de espaço livre no disco rígido. Mais detalhes no site oficial.