Alan Wake: o despertar para um pesadelo
Até pouco tempo atrás, Alan Wake, protagonista do thriller psicológico que leva o seu nome, não tinha muito do que se queixar. Autor de livros de sucesso, suas obras de ficção arrebataram fãs do mundo inteiro, fascinados pelas suas envolventes histórias de terror carregadas de suspense e fartos elementos que exploravam temas sobrenaturais. Porém, esse seu lado público e notório, apesar de estar marcado pelo recebimento de cobiçados prêmios literários e por uma popularidade sem precedentes, escondia uma faceta pouca conhecida de Wake.
Acometido por um rigoroso bloqueio criativo, há dois anos que ele não consegue encontrar inspiração para escrever o seu próximo romance. A pressão do editor para acelerar a entrega do trabalho igualmente contribuiu para fragilizar o seu bem-estar emocional, levando-o a ter pesadelos assustadores que misturam eventos dos seus próprios livros com a sinistra aparição de uma misteriosa entidade, que insiste que ele siga as suas enigmáticas determinações.
Apesar dessa má fase, nem tudo está perdido para o atormentado Wake. Preocupada com o esgotamento físico e mental do seu marido, Alice tem uma ideia aparentemente irresistível: convidá-lo a passar umas merecidas férias no belo e tranquilo vilarejo de Bright Falls. Vislumbrando a oportunidade de se desligar das maçantes obrigações do dia a dia, e relaxar ao lado de paisagens inspiradoras, Wake acaba aceitando. Ao chegar ao local, porém, ele percebe que nem tudo sairá conforme o planejado.
Com o intuito de incentivar a sua criatividade, Alice presenteia Wake com uma máquina de escrever. Ela também sugere que ele visite um renomado médico da região, famoso por tratar de pacientes com problemas similares. Furioso por perceber que as férias não sairiam como previa, somado ao sufocante assédio dos fãs da região, Wake acaba tendo uma séria discussão com a sua esposa, deixando a rústica casa em que estão hospedados para pegar um ar fresco no jardim. O que ele não esperava era a provação que ainda estava por vir…
No segundo seguinte, Alice começa a gritar desesperadamente, levando a crer que estava sofrendo um ataque brutal. Na pressa de ir socorrê-la, algo inesperado acontece: um corte abrupto nos acontecimentos leva Wake a acordar momentos após um acidente de carro. Profundamente confuso, e sem conseguir se recordar dos eventos que antecederam o incidente, ele percebe que a sua mulher está desaparecida, e inicia uma jornada na tentativa de encontrá-la. Uma tarefa que será longa, pois, além de esbarrar nas excentricidades do local, enfrentar as peculiaridades dos seus habitantes e lidar com os acontecimentos sobrenaturais que rondam a região, o herói perceberá que todos os eventos refletem as ações do seu mais macabro livro – aquele que nem ele lembra ter escrito.
Abordar o terror psicológico sofrido por protagonistas de games não chega a representar uma experiência totalmente nova, mas em Alan Wake estamos muito bem servidos. Desenvolvido pela Remedy Entertainment, a mesma responsável pelo incontestável clássico Max Payne (e que também tratava dos horrores vividos pelo personagem principal), a jogabilidade está basicamente dividida em três aspectos: a exploração das traiçoeiras regiões em busca de itens como munição, armamentos e páginas soltas da obra que revelam detalhes da história (e que dão dicas do que está por vir); a resolução dos engenhosos quebra-cabeças, que contribuem para diversificar a ação; e as intensas sequências dedicadas aos combates frenéticos contra criaturas bizarras.
Esse último aspecto é particularmente interessante. Além de empregar armas convencionais, e um potente sinalizador que causa impressionantes bolas de fogo, a mais importante aliada para manter-se vivo consiste no uso de uma simples lanterna. Isso mesmo. Como as entidades que perseguem Wake são sensíveis à claridade, para conseguir enfraquecê-las, será preciso lançar um feixe concentrado de luz até tirar “as forças da escuridão” que as guiam. E, claro, posteriormente terminar o serviço com alguns tiros de misericórdia.
Essa técnica é interessante por aumentar consideravelmente as opções para os combates. Está acuado por uma grande quantidade de criaturas, a ponto de não conseguir dar conta de todas ao mesmo tempo? Corra para uma região bem iluminada para dispersá-las. Deseja impedir o avanço desses seres para explorar com mais calma os arredores? Monte armadilhas que usem fontes de luz ou deixe ligados os holofotes que encontrar pelo caminho. As possibilidades são inúmeras, e empregá-las eficientemente é um fator crucial para concluir as suas missões sem correr maiores riscos.
Usando um formato inspirado nos episódios das séries de TV, em que cada um dos seis capítulos terminam com um gancho, outro fator que chama a atenção é o capricho da produção. Os cenários são detalhados e bem construídos, e os abundantes efeitos de luz imprimem uma realidade pouco vista em jogos do gênero. E mesmo que a narrativa esteja um tanto fragmentada, ela é desenrolada no ritmo certo, mantendo o clima de suspense que instiga a curiosidade ao longo de toda a aventura.
Exclusivo para a plataforma Xbox 360, o título será lançado no Brasil no próximo dia 20, mas não é preciso aguardar até lá para conhecer um pouco do clima sombrio que ronda Bright Falls. Visitando esse endereço, é possível assistir aos episódios que introduzem alguns dos mistérios do local.
Informações adicionais sobre o jogo também podem ser conferidos no site oficial.