Alice in Wonderland: o novo regresso à toca do coelho
A nova versão cinematográfica de Alice no País das Maravilhas, um clássico da literatura infantil, está prevista para entrar em cartaz somente no próximo dia 21 de abril, mas isso não quer dizer que é preciso esperar até o feriado de Tiradentes para conhecer alguns dos detalhes do aguardado filme produzido pelo cultuado diretor Tim Burton. Inspirado nos principais eventos retratados no filme, o recém-lançado game Alice in Wonderland pode matar algumas das curiosidades que rondam a produção, além de representar um convite irresistível rumo ao fantástico universo habitado por criaturas peculiares e as mais absurdas e surreais situações que corriqueiramente ocorrem no Mundo Subterrâneo.
Marcado por inúmeras licenças poéticas, que irão surpreender até os mais profundos conhecedores da obra-prima assinada por Lewis Carroll em 1865, a novidade mais marcante é que Alice não é mais aquela pequena menina do conto original. Uma longa década se passou desde a sua primeira incursão pela toca do coelho, e Alice, agora com 19 anos, além de ter se esquecido da surpreendente experiência que vivenciou quando criança, ainda precisa lidar com os dilemas da vida adulta e enfrentar as responsabilidades da rigorosa sociedade aristocrática. Uma rotina maçante e nada entusiasmadora, principalmente para a moça que ficou conhecida pela sua criatividade e imaginação fértil.
A aventura começa quando Alice é surpreendida por um inesperado pedido de casamento durante um grande almoço realizado ao ar livre. Assustada e confusa pelo convite, ela caminha pelo imenso jardim sem rumo definido, até que uma inusitada criatura chama a sua atenção. Vestindo um colete e segurando um reluzente relógio de bolso, o coelho desperta a curiosidade da moça, que distraidamente o segue até cair na fenda ao pé de uma árvore. E mesmo tendo a remota impressão de já ter vivenciado uma situação parecida, Alice continua a explorar o misterioso universo, sem atentar para os reais riscos da sua ousada escolha.
A partir desse ponto, fica claro que, ao contrário da abordagem comumente utilizada pelos jogos baseados nas grandes produções cinematográficas, a produtora francesa Étranges Libellules optou por seguir um caminho totalmente diferente. Explorando a capacidade do jogador de se adaptar nas mais variadas adversidades oferecidas pelo Mundo Subterrâneo, e empregar a sua criatividade para superar os numerosos obstáculos na tentativa de restabelecer a paz ao combater os mandos e desmandos da Rainha Vermelha, em nenhum momento a Alice é controlada diretamente. Ao invés disso, é preciso alternar as funções de cinco personagens centrais da trama, influenciando os eventos que ocorrem ao redor da protagonista na tentativa de evitar que a mesma entre em sérios apuros.
O conceito é interessante. Dependendo dos desafios a serem enfrentados, dominar as habilidades específicas de cada um dos personagens é uma tarefa fundamental para superar os amalucados quebra-cabeças que surgem a todo momento.
Por exemplo, o Coelho Branco, por estar equipado com o seu inseparável relógio, tem a capacidade de manipular a ação do tempo, retardando –e até congelando―, os movimentos dos inimigos e dos demais elementos presentes em cena. E quando for preciso se tornar invisível, ou ocultar determinados itens do cenários? A curiosa habilidade do Gato Risonho tem um valor inestimável.
Porém, agir passivamente nem sempre é a alternativa mais adequada. Quando as ameaças precisam ser combatidas a uma certa distância, optar pela Lebre de Março pode ser a melhor opção, devido ao seu valioso poder de lançar objetos em pleno ar. E nos momentos em que é preciso agir com rapidez? Contar com o auxílio de Dormouse, e sua implacável espada, é um recurso de inegável valor, especialmente durante batalhas contra adversários que apresentam uma destreza invejável.
A mais interessante entre as habilidades, no entanto, ficou a cargo do Chapeleiro Louco. Capaz de criar ilusões de ótica dependendo da sua perspectiva em relação aos cenários, é possível recriar desde pontes destruídas para permitir a travessia, até usar as pontas dos dedos para aniquilar os inimigos. Isso sem contar com as criativas possibilidades de buscar por soluções realmente intrigantes e que solucionam os enigmas nada óbvios.
Direcionado para uma audiência mais jovem, mas sem deixar de lado o importante apelo para atrair os adultos fascinados pela clássica obra de Carroll, Alice in Wonderland é divertido, e tem como maior mérito a capacidade de complementar o filme.
Produzido para as plataformas Windows, Nintendo Wii e o portátil Nintendo DS (em uma versão simplificada da aventura em 2D), detalhes adicionais podem ser conferidos nesse endereço. Não perca.