Borderlands: um tesouro valioso em meio à balbúrdia
Apesar da popularidade dos jogos de tiro, a generosa oferta de títulos que exploram o gênero acabou resultando em um inevitável efeito colateral. Com uma fórmula dedicada a testar a versatilidade do jogador em manusear arsenais variados, e levá-lo a provar que possui uma pontaria impecável para enfrentar situações extremas, a pouca reciclagem da sua mecânica não apenas contribuiu para saturar o estilo, como tem demonstrado alguns sinais de cansaço nos últimos anos.
Na tentativa de reverter esse quadro, e conseguir que seus lançamentos consigam se destacar da enxurrada de títulos genéricos, algumas produtoras têm investido em uma abordagem ousada, mas interessante: emprestar elementos de outros gêneros consagrados, visando a tornar a experiência mais intensa e menos previsível.
O mais recente exemplo a perseguir essa tendência é o ambicioso Borderlands. Desenvolvido pela veterana Gearbox Software, o título segue os mesmos passos de games como o aclamado Fallout 3, equilibrado ação intensa com um sofisticado sistema que dita a evolução dos personagens usando como inspiração a mecânica consolidada dos RPGs. Mas também traz novidades, e o resultado não poderia ser mais safisfatório.
Abordando aspectos como a ambição, a exploração desenfreada de recursos e os resultados de atos inconsequentes, a trama, ambientada em um futuro distante, tem como ponto de partida os rumores de que o planeta Pandora possui fontes praticamente inesgotáveis de minerais valiosos. Atraindo diversas naves colonizadoras, cujos tripulantes rapidamente se encarregaram de instalar uma sociedade aparentemente próspera, os problemas começam a ganhar corpo ao constatar que as promessas de riquezas eram infundadas. Frustrados por encontrar apenas relíquias de povos alienígenas, os exploradores mais afortunados trataram de deixar o local, mas nem todos conseguiram escapar, levando alguns membros a insistir nas buscas. Até encontrarem o misterioso “The Vault”…
Supostamente repleto de coleções de valiosos artefatos, incluindo tecnologias revolucionárias e outros elementos bem cotados, seus desbravadores sequer tiveram a oportunidade de usufruir a descoberta: uma poderosa e desconhecida força os dizimou, levando junto os rastros que indicavam o local exato da mina. Os boatos sobre a sua existência, no entanto, em conjunto com a informação de que a cada duzentos anos o local se tornaria acessível a quem ousasse encontrá-la, atraiu vários caçadores de tesouros. O jogador é um deles. Mas será que os novos exploradores terão um destino diferente, tendo passado dois séculos? E conseguirão sair ilesos dos constantes ataques dos habitantes que povoam o caótico planeta?
Assim como na maioria dos RPGs, escolher a classe que irá representá-lo refletirá diretamente na forma de atuação, e Borderlands inclui quatro personagens fixos com históricos e especialidades que evoluem de maneiras completamente distintas. Os adeptos de uma abordagem mais bruta, por exemplo, podem achar mais atraente assumir as funções de Brick, que usa os punhos com extrema desenvoltura durante os combates e ainda conta com o recurso de atenuar os danos causados pelos inimigos enquanto intensifica o poder das suas investidas. Se enfrentar as ameaças à distância for um estilo mais apreciado, a destreza de manusear armas de longo alcance oferecida por Mordecai certamente será uma opção mais segura. Há ainda a Lilith, que pode usufruir da magia e poderes especiais como ficar invisível, e Roland, cuja experiência como soldado o capacita a enfrentar praticamente de tudo.
Essas habilidades, é importante observar, são básicas, e devem ser constantemente aperfeiçoadas. Criar e modificar armas, que pode produzir literalmente milhares de combinações, é igualmente fundamental para o avanço da trama, assim como aprimorar os veículos para atenderem às exigências das missões e o ajuste fino dos acessórios para manter a competitividade do jogador.
Por último, outra característica de destaque é o elevado fator de replay. Após concluir a campanha principal, que consiste de 30 missões principais e mais de 100 secundárias, é possível reiniciar a aventura para enfrentar um nível de dificuldade bem mais elevado -–e que concede bônus ainda mais atraentes. Sem contar com a participação de um amigo localmente (dividindo a tela em dois) ou pela rede, tanto de modo cooperativo, quanto em duelos acirrados.
Com uma estética visual inspirada nos gibis modernos, uma ação incessante e inúmeras formas de definir a evolução dos personagens, Borderlands é uma grata surpresa. Disponível para as plataformas Windows, Xbox 360 e PlayStation 3, mais detalhes podem ser conferidos no site oficial.