Castlevania: Lords of Shadow

Castlevania: Lords of Shadow

Lançado para o saudoso Nintendo Entertainment System na metade da década de 1980, Castlevania não demorou para se tornar um grande hit. Tratando do conflito entre a família de caçadores de vampiros Belmont, e as tentativas do insistente Conde Drácula de dominar o mundo, o título, produzido pela Konami, rendeu incontáveis sequências, sempre passando por modificações como mudanças estruturais na sua história e enveredando para outros gêneros que não fossem os de plataformas.

A franquia, no entanto, nesses quase 25 anos, sempre teve um mérito: manter aceso o interesse dos veteranos da série, ao mesmo tempo em que atraía novos adeptos para o universo misterioso e gótico em que viviam os seus personagens.

E essa tendência foi mantida com o lançamento de Castlevania: Lords of Shadow. Tanto a Konami, quanto a espanhola MercurySteam e a também japonesa Kojima Productions (famosa por desenvolver a série Metal Gear, optaram por trilhar um caminho ainda mais ousado. Reiniciando a saga a partir do zero, se não fosse a atmosfera sombria e carregada que marcaram os primeiros títulos, e a presença de um protagonista da família Belmont, o título sequer precisaria ser considerado um capítulo da série. Afinal, além de abordar uma história totalmente independente da conhecida mitologia dos caçadores de criaturas das trevas, a jogabilidade se distancia das principais edições da franquia, mesclando batalhas épicas inspiradas em jogos como God of War e Shadow of the Colossus, com a exploração dos cenários em busca de itens e a resolução de enigmas (seguindo os moldes de Tomb Raider e Prince of Persia, entre outros medalhões).

O que poderia ser tratado por alguns dos fiéis seguidores de Castlevania como um tiro no pé, acabou se transformando em um dos capítulos mais divertidos e intensos desses últimos anos. As causas desse sucesso, mesmo não compartilhando da mesma essência dos títulos anteriores? Nada mais do que uma quantidade absurda de conteúdo (ao todo, são 12 capítulos, divididos em mais de 40 áreas), uma produção caprichadíssima e a sua história envolvente. E que, por não estar amarrada à saga principal, pode assumir um rumo imprevisível até para os mais versados na série.

A jornada tem início no ano de 1047. A Terra está enfrentando um período turbulento e, enquanto alguns acreditam que está se aproximando o final dos tempos, outros encaram a provação como um rigoroso teste para avaliar as suas forças contra a influência do mal. A situação, no entanto, acaba se tornando ainda mais séria quando a tentativa de estremecer as relações entre os humanos e o Poder Divino, iniciada pelos Lords of Shadow, começa a render frutos – como o poderoso feitiço que impede que a alma dos falecidos se desprendem dos corpos, promovendo terror e agravando o desespero da população.

Em meio a esse caos, se encontra Gabriel Belmont, protagonista e personagem controlado pelo jogador. Membro da Irmandade da Luz, grupo formado por guerreiros dedicados a proteger os inocentes das forças sobrenaturais, sua vida assume um rumo inesperado quando Marie, sua esposa, é brutalmente assassinada por uma das criaturas que ele deveria combater.

Arrasado, e jurando vingança, Gabriel acaba percebendo que nem tudo está perdido. Devido ao infame feitiço, Marie ficou presa no limbo, passando a se comunicar com Gabriel na tentativa de guiá-lo para destruir as ameaças. A jornada será longa e desgastante, exigindo muita determinação para viajar por lugares bizarros e combater as mais terríveis criaturas, mas o esforço poderá valer a pena: ao conseguir exterminar as facções que compõem o Lord of Shadow, e coletar todos os fragmentos que integram a God Mask (relíquia capaz de ressuscitar os mortos), Gabriel poderá usar o seu poder para trazer Marie de volta à vida. Ou morrer tentando…

Nesse ponto, por serem épicas e eletrizantes, as batalhas representam um dos maiores atrativos do game. Equipado com um chicote, as tradicionais armas secundárias (faca, machado, cruz etc), e até um acervo de magias (divididas entre forças da Luz e das Trevas), Gabriel deverá aperfeiçoar as suas habilidades para destravar as mais de 40 combinações diferentes de golpes. E como os inimigos mais parrudos não se entregam facilmente, e tampouco são afetados por ataques fracos ou medianos, será preciso traçar estratégias diferentes para conseguir derrubar cada um deles – pressionar os botões sem maiores critérios raramente resultará na vitória.

Para que o jogador possa recuperar o seu fôlego após enfrentar uma luta mais intensa, os produtores tiveram uma excelente sacada. Além de explorar a região, será preciso resolver alguns interessantes quebra-cabeças. E mesmo não sendo extraordinariamente difíceis, quem ficar travado em um enigma, e desejar continuar rapidamente, há ainda o recurso do jogo revelar a solução. Isso tornará a jornada demasiadamente fácil? Que nada! Como penalidade, para essa área, o jogador não poderá acumular os pontos que são usados para destravar novas combinações de golpes, podendo tornar o desafio ainda mais rigoroso nas fases avançadas.

Mesmo para os mais ferrenhos seguidores da série, pouco importa se a Konami usou a prestigiada marca Castlevania para ajudar a divulgar a sua mais recente produção, ou simplesmente desejou mudar os rumos da sua popular franquia para modernizá-la. O que realmente conta é que, sob todos os aspectos, o título proporciona um entretenimento de primeira, e merece ser conferido por todos que não dispensam jogos que misturam ação com lutas e enigmas. Disponível para o Xbox 360 e o PlayStation 3, uma (curta) versão de avaliação já está disponível, e detalhes adicionais podem ser obtidos no site oficial. Não perca!