Crackdown 2: uma Pacific City cada vez mais caótica
Ironicamente batizada de Pacific City, a fictícia cidade retratada pela franquia Crackdown dificilmente seria considerada um paraíso pelos habitantes em sã consciência. Alvo constante de ameaças devastadoras, logo no título de estreia (em 2007), três perigosas facções criminosas levaram os seus habitantes a vivenciar uma intensa onda de exacerbada violência, exigindo dos agentes da lei a usar métodos nada ortodoxos para desarticulá-las a tempo. Contudo, o esforço foi em vão. Passados dez curtos anos de uma inquietante calma, a eficiência das autoridades locais está novamente na berlinda, pressionada pela opinião pública que insiste que providências sejam tomadas para combater a invasão maciça de bizarros mutantes que estão promovendo um verdadeiro massacre pelas ruas. Seja bem-vindo ao ansiosamente aguardado Crackdown 2.
É verdade que, apesar de Pacific ter se tornado um péssimo local para servir de moradia, a cidade tem os seus encantos. Especialmente para os destemidos agentes que aceitarem trabalhar sob o comando da Agência, autoridade local responsável pelo combate aos crimes. Podendo contar com poderes extraordinários, resultado dos longos anos de estudo dedicado às mutações genéticas, e tendo à sua disposição um poderoso e variado arsenal, que pode ser empregado para exterminar os inimigos e até para detonar boa parte da cidade quando for necessário, assumir o cargo de agente é um convite praticamente irresistível para todos que buscam a ação frenética em prol de alcançar um suposto bem maior.
Seguindo os mesmos passos do premiado título que inaugurou a série, e que levou o conceito de sandbox para um novo patamar ao proporcionar uma autêntica sensação de livre-arbítrio, a mais recente investida da produtora escocesa Ruffian Games avança pouco em termos de jogabilidade. Tirando uma breve introdução que serve para demonstrar o caos que atingiu a cidade, e que apresenta as principais ameaças a serem combatidas, não há o desenvolvimento de uma história.
Embora essa abordagem tenha algumas desvantagens, como um menor envolvimento do jogador com os desdobramentos dos seus atos, a escolha acabou sendo positiva ao concentrar toda a atenção no que realmente importa: encontrar meios de mandar pelos ares as crescentes ondas de inimigos, percorrer livremente pelas áreas pilotando veículos das mais diversas categorias, usar os diversos elementos e armadilhas que estão estrategicamente espalhados pelos cenários e coletar a gigantesca quantidade de orbes que irão auxiliá-lo a desenvolver novas habilidades e poderes – um aspecto inegavelmente crucial para ter condições de sobreviver ao caos e à frenética ação.
Por exemplo, mesmo podendo percorrer livremente por áreas que ficam distantes dos alvos que demarcam os objetivos das missões, não é prudente avançar por regiões potencialmente perigosas sem antes avaliar as suas atuais capacidades. No início da jornada, habilidades como dar longos saltos e conduzir veículos com destreza para evitar obstáculos, entre outras igualmente importantes, podem ainda não estar plenamente desenvolvidas. E como aperfeiçoá-las? Uma das formas é capturando os seus respectivos globos, sendo que alguns são até “rebeldes” – isto é, não ficam ancorados e exigem estratégias para serem coletados em uma energética perseguição.
Apesar de ser muito divertido, alcançar esses globos brilhantes não basta para estar à altura das rigorosas ameaças. Todas as cinco habilidades do agente precisam ser aprimoradas ao longo do tempo, o que pode ser feito de diversas maneiras. Para aumentar a agilidade, por exemplo, acumule pontos valiosos ao fazer corridas pelos telhados ou abater os inimigos quando estiver nas plataformas mais elevadas. A desenvoltura para manusear as armas de fogo é aumentada a cada disparo bem-sucedido. Deseja se tornar um verdadeiro mestre das pistas? Além de atropelar os inimigos (evitando, sempre que possível, os inocentes civis), desempenhe derrapagens e outras manobras radicais, como atravessar os círculos dispostos em pleno ar. Radical!
E quando for preciso aumentar a força física? Enfrentar inimigos em lutas corporais e lançar objetos pesados sobre eles pode ser um ótimo começo. Assim como manipular explosivos, como lançadores de ogivas e granadas. Enfim, as possibilidades são muitas, variando não só a jogabilidade, como concedendo benefícios nada desprezíveis.
Outro destaque fica por conta das partidas em rede. Além de poder enfrentar os desafios contando com o auxílio de outros três aliados na modalidade cooperativa, é possível criar embates emocionantes em arenas envolvendo até dezesseis jogadores em diversas modalidades. Ótimo para prolongar a vida útil do game.
Exclusivo para o Xbox 360, mesmo não trazendo grandes novidades quando comparado com o antecessor, Crackdown 2 cumpre bem a sua proposta. Irresistível para todos os fanáticos por jogos de ação desenfreada, a versão gratuita de avaliação já pode ser obtida gratuitamente no MarketPlace. Não deixe de conhecê-lo.