Darksiders: o juízo final

Darksiders: o juízo final

Jogos que abordam a eterna batalha entre o Céu e o Inferno existem aos montes, mas poucos são os que conseguem explorar o tema com tamanha propriedade como o recém-lançado Darksiders. Livremente inspirado no último livro que integra o Novo Testamento, com ênfase nas passagens sobre o Apocalipse e o Armagedom, o título, que marca a estreia da Vigil Games, agrada não só pelo capricho da sua produção, como pela competência em mesclar as mecânicas de outros jogos consagrados em um pacote coeso, proporcionando uma experiência rica, intrigante e desafiadora. Isso sem contar com o irresistível apelo de convidar o jogador a participar ativamente dos momentos que antecederiam o Juízo Final, desempenhando as funções de ninguém menos do que um dos Cavaleiros do Apocalipse.

Porém, a exigente jornada, apresentada a partir de uma narrativa envolvente e que constantemente traz desdobramentos épicos, está longe de ser considerada um passeio em meio a personagens bíblicos. Tomando liberdades poéticas para promover uma aventura de tirar o fôlego, no universo retratado pelo jogo, o Céu e o Inferno estão constantemente em guerra, e, para tornar a batalha justa e equilibrada, um conselho mediador foi formado.

Empregando os poderes dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse nos momentos em que fosse preciso balancear as forças de ambos os lados, tudo parecia correr normalmente até que um evento inesperado mudou o rumo dos acontecimentos. E que trouxe consequências devastadoras.

Após uma metrópole ser severamente atingida por meteoros gigantescos, criaturas bizarras passaram a invadir o local, promovendo não só o caos, como disparando prematuramente o temido Apocalipse. War, um dos Cavaleiros e personagem controlado pelo jogador, acabou acusado injustamente pelo conselho como o causador da balbúrdia, sendo condenado à morte. Convencido de que foi alvo de uma conspiração, e decidido a investigar quem realmente está por trás do ataque, War consegue persuadir os membros a lhe darem uma segunda chance. Mas nem tudo será tão simples: para voltar à Terra, War não poderá contar com os seus superpoderes, tornando a missão ainda mais perigosa devido à confusão instaurada no planeta.

Inicialmente armado com uma poderosa espada, e posteriormente auxiliado pelo seu fiel cavalo Ruin, as formas de atuação de War estão basicamente divididas em duas modalidades. Na primeira, dedicada à ação propriamente dita, ele deve explorar a vasta superfície do planeta, coletar itens que destravam o acesso a novas áreas e combatendo as numerosas hordas de bizarras criaturas que estão espalhadas pelo caminho.

E é nesse último aspecto que o jogo realmente brilha. Com um sistema de combate sofisticado, batalhas emocionantes são promovidas ao combinar diversas classes de armamentos. Habilidades especiais, como a capacidade de interromper a ação do tempo, também tornam a aventura mais interessante, assim como a possibilidade de manipular canhões, lançadores de granadas e outros armamentos da pesada. Isso sem contar que, dependendo da criatura, o jogador ainda terá que se desdobrar para conseguir escalar nos ombros de oponentes gigantescos na tentativa de decapitá-los, e até montar em seres alados para vencê-los nas alturas. Tédio zero!

A solução de quebra-cabeças representa a segunda forma de atuação. Exigindo do jogador alguma estratégia e táticas criativas para combinar objetos, e até percorrer por labirintos usando técnicas que relembram a mecânica introduzida pelo clássico Portal, eles não são muito complicados, mas contribuem positivamente para diversificar ainda mais a ação.

Com uma direção de arte a cargo de Joe Madureira, conhecido por suas ilustrações para os quadrinhos como a série X-Men durante a década de 1990 (entre outros), os visuais, mesmo retratando cenários pós-apocalípticos, são intensamente detalhados e coloridos. Os personagens, em especial o protagonista, são bem articulados, apresentando animações fluídas e convincentes. Outro grande destaque são as sequências criativas e diversificadas para os golpes de misericórdia, que despacham os inimigos com uma carga de dramaticidade impressionante.

Divertido e com a capacidade de prender a atenção até o último segundo, Darksiders só peca por não ter implementado uma modalidade cooperativa e por não ter suporte às sempre populares partidas em rede.

Disponível para as plataformas Xbox 360 e PlayStation 3, confira outros detalhes no site oficial.