Dragon Age: Origins
A veneração pelos jogos de RPG produzidos pela BioWare não é por acaso. Responsável por uma quantidade expressiva de títulos de qualidade nos seus quase 15 anos de existência, a produtora canadense conquistou uma merecida reputação ao investir em aventuras envolventes com séries aclamadas como Baldur’s Gate e o clássico moderno Mass Effect, entre outros.
E a sua mais recente aposta, Dragon Age: Origins, tem tudo para repetir o feito, convidando o jogador para o epicentro de uma batalha épica ambientada nos tempos medievais e que não economiza esforços para abordar temas como traição, violência e a luta de classes para incendiar ainda mais os conflitos.
Com uma trama intensa destinada ao público adulto, boa parte da jornada gira em torno das batalhas entre os bravos membros da Grey Wardens, uma legendária ordem de guardiões no qual o jogador pertence, e a ameaça que paira a região devido à guerra civil e as brutais investidas dos nefastos Darkspaws. Mas como interromper a destruição do local e a iminente extinção da sua população? A resposta pode estar em superar as diferenças históricas entre as três raças que habitam o local e unir as suas forças para combater um mal maior.
Como o Origins do título sugere, para definir os desdobramentos da trama, será preciso definir as características básicas do personagem para estabelecer como ele se encaixa na história e a maneira com que os demais habitantes irão reagir à sua presença. O processo começa com a escolha de uma raça. É possível optar pelos humanos, que é o grupo mais numeroso e que atualmente manda na região; pelos elfos, que apesar de terem dominado a região há milhares de anos, hoje são considerados criaturas de segunda categoria; e os anões, uma raça em extinção devido às guerras passadas, pela constante diminuição do seu território e pela sua fragilidade diante das magias.
Definir as especialidades referentes aos métodos de combate é outro fator determinante. Quem preferir atuar na linha de frente, assumir as funções de um guerreiro certamente será a melhor opção, usufruindo das suas habilidades no uso de armas brancas e de arremesso. Se empregar a astúcia para surpreender os inimigos for mais atraente, a classe dos ladinos é a escolha mais interessante, combinando velocidade, sagacidade e até talentos especiais como forçar fechaduras e incapacitar os oponentes com facilidade.
Por último, há os magos, que mesmo não tendo a destreza para lutar fisicamente, são de extremo valor pela capacidade de lançar feitiços devastadores no ataque, usá-los eficientemente para se protegerem e até curar os seus aliados. Essa última classe, no entanto, não pode ser assumida pelos anões, devido à sua resistência nata à magia.
O aspecto mais importante fica por conta da escolha dos seus antecedentes, por refletir diretamente no desdobramento da trajetória do protagonista. Ao todo, foram incluídas seis ramificações, atreladas à raça e à classe escolhida. Humanos guerreiros e ladinos de ascendência nobre, por exemplo, podem ter privilégios perante a sociedade, mas sempre estarão à mercê de uma dolorosa traição. Humanos e elfos dedicados à magia, por sua vez, finalmente poderão colocar em prática os vários anos de ensinamentos, mas nada garante que os resultados sairão como planejados durante uma rigorosa prova de fogo.
Elfos guerreiros e ladinos podem ser tanto urbanos, que vivem na miséria e acabam promovendo um sangrento massacre após um lorde exigir os préstimos de uma noiva recém-casada, quanto de origem Dalish, nômades que têm uma vida honrosa até encontrarem uma relíquia relacionada ao passado do seu povo. Os anões também podem ser plebeus, o nível mais baixo dentro da sociedade em que a subsistência de um chefão do crime é a forma mais segura para se manterem vivos, ou de linhagem nobre, em que o poder político representa a prosperidade ao custo de uma disputa mortal entre seus parentes.
Após ter os traços devidamente definidos, o próximo passo consiste em explorar o ambiente, travar conversas produtivas com os demais habitantes (exercitando até a arte de persuadir e intimidar), acumular experiências, aperfeiçoar habilidades e recrutar membros para formar um grupo de apoio durante as batalhas.
Esse último sendo um dos aspectos de maior destaque do game, sendo possível vivenciar os combates em uma perspectiva em terceira pessoa, traçar estratégias através de uma visão aérea, definir um ângulo que proporcione um melhor campo de visão para planejar uma investida eficaz e até permitir a interrupção da ação para despachar ordens táticas aos demais membros da sua equipe – que também podem ser programados para desempenhar ações específicas dependendo de uma série de condições.
Com belos cenários, uma música incidental de primeira, ramificações que garantem um elevado grau de replay e uma história envolvente, Origins é um RPG que fecha a década com chave de ouro. Disponível para as plataformas Windows, Xbox 360 e PlayStation 3, no site oficial, ainda é possível participar gratuitamente do primeiro episódio em Flash inspirado no game e que desbloqueia valiosos itens para serem usados na aventura principal (basta clicar na aba “Flash Game” e seguir as instruções). Não deixe de conferir!