Fable II: Uma longa e fascinante jornada
Superando todas as expectativas que foram geradas desde que a produção de uma seqüência para o jogo Fable foi anunciada, Peter Molyneux mais uma vez surpreende ao trazer um título praticamente obrigatório para os fãs do gênero RPG de ação. Idealizador de jogos que ajudaram a redefinir diversos estilos, como Populous e Black & White, e levando quase dois anos para ficar pronto, Fable II não apenas mantém a promessa de dar ao jogador um elevado grau de liberdade para moldar as características do seu personagem, como proporciona uma experiência bem mais envolvente e sólida do rico e dinâmico universo de Albion.
Exigindo bem mais dos que completar expedições lineares e lutar contra inimigos, e apresentando uma trama repleta de reviravoltas ambientada quase que cinco séculos após o término do antecessor, a jornada tem como ponto de partida a pequena cidade de Bowerstone. Ao circular pelo local acompanhado de Rose, sua irmã mais velha, o jogador, que dessa vez pode assumir o papel de um herói ou de uma heroína, nota a presença de um vendedor que oferece uma caixinha musical que promete realizar qualquer desejo. Órfãos e vivendo nas ruas, os dois irmãos sonham com a possibilidade de melhorar de vida, mas o custo de cinco moedas de ouro frustam as suas esperanças até que uma sinistra cigana os convence do contrário e sugere que eles realizem pequenos trabalhos para comprar o curioso aparato.
Nessa etapa inicial, que oferece pequenas tarefas que servem para introduzir a história principal, uma das maiores características do jogo fica evidente: a personalidade do herói é moldada a partir das suas escolhas morais. Para ganhar uma moeda de ouro, por exemplo, aceitar a missão de um guarda para capturar todos os cinco mandatos de prisão que foram espalhados pelo vento pode ser um bom começo. Antes de concluir a tarefa, no entanto, o personagem será interceptado por um bandido que se oferece para comprar esses papéis. É possível adotar livremente uma conduta moral, mas é preciso observar que as escolhas terão um impacto tanto na imagem do protagonista, quanto no vilarejo. O que é mais vantajoso, estabelecer um laço de amizade com um oficial da lei ou favorecer que cinco criminosos fiquem soltos? Cada ato tem as suas conseqüências, tornando o título em um universo que nem sempre é conivente com ações imprudentes.
A história começa a ficar densa com o término do prólogo. Em poder da caixinha mágica, os irmãos pronunciam o desejo morar em um castelo, mas aparentemente nada acontece. Durante a madrugada, no entanto, algo de inusitado ocorre quando ambos são convidados para comparecer no castelo Fairfax, de propriedade do Lorde Lucien. E o que parecia ser a realização de um sonho, acaba tomando proporções drásticas, levando o jogador a desempenhar as funções de um bravo herói que precisa trilhar por um longo e tortuoso caminho na tentativa de reunir as forças de outros três conhecidos heróis na nobre missão de combater uma monstruosa ameaça que pode colocar em risco o futuro da humanidade.
Concluir as expedições não é a única tarefa que o jogador terá que desempenhar. Acumular riquezas para adquirir uma residência, roupas, alimentos, armamentos mais sofisticados e até meios para sustentar uma ou mais famílias também é necessário. Isso pode ser feito de várias maneiras, como arrumar um emprego (que resulta em divertidos minigames ou missões paralelas que incluem capturar bandidos e eliminar ameaças), arriscar a sorte nos jogos de azar e adquirir vendas e residências para gerar renda. O sistema financeiro, apesar de ser complexo, é fascinante e bastante fácil de compreender (e de manipular).
Outra forma de obter recursos é explorar os arredores em busca de baús e outras relíquias. Essa modalidade é particularmente interessante. Tendo em sua companhia o fiel cão que ajuda a farejar tesouros escondidos, os belíssimos cenários tornam essa parte da aventura extremamente recompensadora. E apesar das extensas regiões, que podem ser desbravadas sem maiores restrições, não há o risco do jogador se perder, pois um caminho luminoso sempre aponta para o destino da próxima missão.
O sistema de combate é outro elemento fascinante. Combinando ataques com espadas, armas de fogo e feitiços devastadores, os embates são de tirar o fôlego, e o método aplicado para aperfeiçoar os golpes, levando em consideração o estilo do jogador e a experiência acumulada durante as lutas, é simplesmente genial.
Por exemplo, ao combater um inimigo usando uma espada, serão acumulados pontos de XP específicos para esse tipo de investida, podendo ser gastos apenas para melhorar a habilidade no uso das armas brancas. Se desejar usufruir das nove categorias de poderes mágicos, será preciso abatê-los continuamente através dos feitiços. O mesmo vale para as armas de fogo, resultando em uma divertida pluralidade de técnicas que precisam ser dominadas ao longo da história.
Com excelentes chances de ser considerado um dos melhores RPGs de ação do ano, Fable II proporciona uma experiência fantástica, e a capacidade de moldar a aparência do protagonista de acordo com os seus atos, manipulando até as opiniões dos habitantes com expressões que vão desde o amável até o hostil, tornam o título uma excelente pedida para retornar ao jogo após finalizar uma jornada.
Exclusivo para o Xbox 360, outros detalhes podem ser obtidas nesse endereço.