Heavy Rain: um pesadelo sem fim
Traumatizado pela morte prematura do seu filho Jason, vítima de um trágico atropelamento na saída de um shopping, e sofrendo as graves consequências dos seis meses em que permaneceu em coma por ter sido atingido pelo mesmo veículo quando tentava evitar o acidente, o outrora bem-sucedido arquiteto Ethan Mars, um dos protagonistas do recém-lançado Heavy Rain, não tem uma vida fácil. Além de ter que enfrentar a constante depressão e os repentinos lapsos de memória, ele ainda precisa lidar com os desdobramentos da sua dolorosa separação – que acabou resultando até no afastamento do seu outro filho, o caçula Shaun.
O que ele não esperava era que o seu calvário ainda estava longe de terminar. Um assassino em série, batizado de Origami Killer, está à solta, e as autoridades têm poucas informações sobre como capturá-lo. As únicas certezas são de que ele rapta crianças durante as longas estações de chuvas e que atormenta os seus pais ao deixar origamis com tarefas sádicas que, supostamente, devem ser cumpridas caso eles desejam salvar os seus filhos de um destino trágico –- o afogamento fatal com a água da própria chuva.
Desconfiado de que Shaun pode ser a próxima vítima, Ethan se torna um pai extremamente protetor, mas o inevitável acontece. Durante um dos seus frequentes lapsos de memória, Shaun desaparece, levando Ethan a sofrer um prolongado e angustiante drama na tentativa de resgatar o seu filho. Uma tarefa extremamente complicada, pois, além de ter que convencer à polícia de que não tem nenhuma relação com a recente onda de crimes envolvendo o rapto de crianças, ele ainda tem o dilema de seguir ou não as tarefas propostas por Origami – e que vão desde cortar um pedaço do seu próprio dedo, até cometer um assassinato.
Passar por uma sina dessas não é o desejo de ninguém, mas a última aposta da Quantic Dream, que conta com um roteiro assinado por David Cage (fundador da produtora francesa e que também foi o autor dos roteiros de títulos aclamados como Omikron: The Nomad Soul e Indigo Prophecy), consegue promover uma experiência realmente instigante.
Mesclando elementos de um envolvente filme de suspense com a interação dos personagens em que as escolhas controversas influenciam diretamente nos desdobramentos da trama, uma das primeiras grandes surpresas é o método empregado para controlar o bizarro, e muitas vezes claustrofóbico, universo retratado pelo game.
Bastante diferente da maioria dos esquemas utilizados pelos jogos atuais, para não conduzir a história para um rumo indesejado, é preciso avaliar a atmosfera de cada uma das cenas e agir apropriadamente. Em momentos de franca tensão, como, por exemplo, o confronto contra um invasor armado, desempenhar movimentos bruscos pode ser fatal. Nesse caso, é aconselhável exercer uma leve pressão no trigger responsável por especificar a velocidade com que o personagem se desloca em cena.
Nos momentos mais frenéticos, reproduzir corretamente as sequências de comandos exibidas na tela, e que abrangem o pressionamento de botões específicos, o uso da alavanca analógica e até o ato de sacudir o gamepad na hora certa, pode ser crucial para superar uma situação de risco. Mas está longe de ser uma tarefa fácil. Dependendo do estado emocional do personagem, a visualização pode estar comprometida, apresentando uma visão turva se ele estiver nervoso ou desconcentrado. A possibilidade de revelar o que o personagem está pensando igualmente se destaca, mas o recurso deve ser usado com cautela – ativando-o no momento errado, pode ocasionar em uma reação despropositada…
Ethan não é o único personagem importante na trama. Há outros três, cada um com suas próprias motivações para ficar no encalço do assassino e que ajudam a dar uma perspectiva mais ampla à história. São eles: Madison Paige, uma fotógrafa que sofre de insônia e acaba auxiliando Ethan a se recuperar, física e emocionalmente, das “tarefas” propostas por Origami; Norman Jayden, um agente da FBI especializado em traçar perfis de criminosos e que está ajudando a polícia a investigar o caso; e Scott Shelby, um policial aposentado que atualmente age como detetive particular e demonstra um especial interesse em resolver o caso. Em momentos específicos, todos têm as suas ações influenciadas pelo jogador, que deve agir de acordo com o papel de cada um na história.
Destinado a uma audiência adulta, com sua atmosfera pesada e cenários que fazem um bom uso dos recursos gráficos do console, Heavy Rain é um título que tem tudo para agradar a todos que gostariam de participar ativamente de uma trama envolvendo drama, mistério e algumas reviravoltas.
Exclusivo para o PlayStation 3, uma versão de demonstração, que inclui um tutorial, duas fases e um trailer intrigante, pode ser obtida na rede oficial de distribuição de conteúdo do console.
Não deixe de conferir também outros detalhes no site oficial