Independent Games Festival 2010: mais uma rodada de criatividade e inovação
Festival que promove anualmente os projetos criados pela comunidade independente de desenvolvimento de jogos, ajudando a divulgar e a premiar os que mais se destacaram no período, o IGF já revelou grandes pérolas ao longo dos seus doze anos de atuação.
Seja pela instigante manipulação da linha do tempo em Braid (2006), a frenética ação em Everyday Shooter (2007), a criação de estruturas em World of Goo (2008) ou a obra de arte Machinarium (2009), entre outros, acompanhar de perto cada uma das suas edições é sempre garantia de encontrar um entretenimento de qualidade.
E a sua mais recente edição não foge à regra. Trazendo uma generosa quantidade de títulos que não têm receio de inovar, o grande destaque desse ano ficou por conta dos trabalhos realizados pelos estudantes. Concorrendo na prestigiosa categoria Student Showcase, dez deles foram selecionados para brigar pelo prêmio de 2.500 dólares. A boa notícia é que não é preciso esperar até março para descobrir qual deles é o melhor: muitos já podem ser testados gratuitamente.
Participe de uma aventura ecológica em Puzzle Bloom
Nessa edição, uma das características que mais chamaram a atenção foi a exploração de personagens pouco convencionais. Em Puzzle Bloom, por exemplo, o jogador assume a papel de Canotila, figura mitológica norte americana que representa o espírito das árvores.
Com uma mensagem de cunho ecológico, a missão consiste em reflorestar a sua árida ilha, diminuindo a presença maciça das máquinas responsáveis pela poluição do local. Parece tedioso? Que nada! Por não ter um corpo físico, Canotila terá que assumir o controle dos habitantes locais, saltando sobre seus ombros e conduzindo-os para resolver os inventivos quebra-cabeças. A produção caprichada, que conta com cenários tridimensionais estilosos, e o eficiente sistema de controle, que emprega apenas o mouse, se destacam, sem contar com a comodidade de rodá-lo diretamente na janela do navegador.
Manipule a dinâmica de líquidos em Puddle
Outro que apresenta um protagonista fora dos padrões é o interessante Puddle. Desafiando o jogador a conduzir uma determinada quantidade de partículas líquidas até um ponto específico, a grande sacada é que não é permitido controlar o fluído diretamente: será preciso interagir com os diversos elementos presentes em cena, deslocando lateralmente os cenários e deixando para a gravidade a tarefa de locomovê-lo.
Armadilhas variadas, e a constante mudança das propriedades do líquido, tornam a jornada sempre nova e desafiadora, exigindo a constante busca por soluções diferentes e a astuta antecipação dos riscos envolvidos.
Uma experiência psicodélica em Devil’s Tuning Fork
Proporcionar uma experiência diferente, abordando temas incomuns, é outro fator marcante dessa edição. No psicodélico Devil’s Tuning Fork, uma misteriosa epidemia fez com que todas as crianças entrassem em coma. Apenas uma, controlada pelo jogador, conseguiu despertar, mas percebe que está em um sinistro universo paralelo.
Usando um instrumento mágico para explorar o ambiente, e tendo que encontrar as demais crianças antes de escapar desse pesadelo, a maior atração do título é a visualização dos seus cenários através de ondas sonoras.
Poesia digital em Spectre
O poético Spectre é outro com uma temática singular. Introduzindo o simpático ancião Joseph, o título convida o jogador a participar de uma emocionante jornada pelas memórias do protagonista, presenciando os nove momentos que mais marcaram a sua vida.
Destaque para a sua narrativa contemplativa, que pode resultar em até 52 finais distintos, dependendo das escolhas feitas.
Escape da fúria de um vulcão em Igneous
Quem preferir títulos com objetivos mais intensos, também encontrará boas opções, como o divertido Igneous. Tendo que fugir da fúria de um vulcão em chamas, para não acabar virando uma pilha de cinzas, será preciso demonstrar ter reflexos rápidos e um excelente senso de oportunidade.
Visite a lua em Dreamside Maroon, faça uma reorganização para escapar em Continuity e dobre folhas de papel prosseguir em Paper Cakes
Menos intenso, mas igualmente interessante, é o Dreamside Maroon, em que o sonho de alcançar a lua é realizado através de um curioso meio de transporte: o crescimento do caule de uma planta.
Há também passatempos convencionais que trazem algum tipo de inovação. Em Continuity, é preciso escapar por uma porta reestruturando as várias subseções que constituem as fases.
Com um conceito similar, Paper Cakes desafia o jogador a prosseguir a sua jornada ao “dobrar” apropriadamente as ilustrações que representam as fases. Divertidíssimos!
No site do festival, ainda é possível obter detalhes dos 190 projetos estudantis, além dos 301 títulos desenvolvidos pelas produtoras independentes. Uma verdadeira mina de ouro que merece ser garimpada.