Just Cause 2: adrenalina em doses cavalares
Equipado com uma poderosa arma, que lança uma garra afiada atrelada a um cabo e que é capaz de aderir firmemente em qualquer tipo de superfície, e de estar sempre acompanhado de um prático paraquedas, que serve também como um versátil planador, Rico Rodriguez, protagonista da série Just Cause, certamente apresenta todas as características para ser qualificado como um dos agentes mais radicais e inconsequentes da atualidade.
Conhecido por não hesitar diante do perigo, demonstrando exemplar destreza em meio a cenários inóspitos, e por empregar métodos nada convencionais nos momentos em que é preciso alcançar os seus rigorosos objetivos, incluindo desempenhar estripulias insanas que constantemente desafiam o bom senso, o destemido integrante da CIA somente não contava com um desafio realmente ingrato: superar as dificuldades do seu início de carreira um tanto conturbado. E que quase resultou na sua aposentadoria precoce.
Lançado em 2006, a sua estreia no mundo dos games não foi das mais promissoras. Mesmo com um enredo envolvente, que tratava dos esforços para livrar uma paradisíaca ilha do Caribe das garras de um sanguinário ditador, a promessa de promover uma aventura que misturava ação desenfreada com a possibilidade de seguir o livre arbítrio (e que concedia ao jogador até a interessante opção de ignorar as missões e definir os seus próprios rumos dentro da história), o título acabou sendo minado pelas frequentes falhas que ocorriam durante as partidas. Falhas essas nada agradáveis, principalmente quando era necessário reiniciar o jogo para superar determinados obstáculos ou concluir algumas tarefas cruciais, prejudicando seriamente o seu pleno aproveitamento.
Tentando dar a volta por cima em grande estilo, o recém-lançado Just Cause 2 não apenas procura corrigir as falhas do antecessor, como traz uma aventura ainda mais ambiciosa e intensa. Reforçando a vocação da série de proporcionar uma ação de tirar o fôlego, não devendo nada aos excessos cometidos pelos melhores filmes do gênero, dessa vez o protagonista deve viajar para o fictício arquipélago de Panau, localizado na Ásia Oriental, e assassinar o ex-agente responsável pelo desvio de milhões de dólares da agência.
Para um agente experiente como Rico, essa é uma tarefa corriqueira, certo? Que nada. Como o ex-agente em questão é o outrora venerado Tom Sheldon, mentor e ex-comandante do protagonista, o vilão conhece a fundo os métodos utilizados por Rico, conseguindo prever os seus passos a ponto de ganhar uma expressiva vantagem. Além disso, por contar com a proteção do governo corrupto do arquipélago, liderado pelo ditador Baby Panay, o herói ainda terá que enfrentar a resistência das autoridades locais. Nada fácil…
Como toda a ação acaba resultando em uma reação, aqui não é diferente. Empenhado em ficar no encalço de Tom, Rico acaba recorrendo a uma das suas maiores especialidades: a de produzir um verdadeiro caos na região. A sua principal forma de retaliação? A destruição, sem dó nem piedade, das fontes de energia, dos reservatórios de água, dos prédios públicos e de outros tantos alvos essenciais à população – tudo feito visando a desestabilização do governo. Isso sem contar com a também sinistra aliança com as três facções criminosas que dominam a região, e que concede ao protagonista um acesso praticamente ilimitado dos mais diversos tipos de armamentos e veículos.
Polêmicas à parte, dentre as principais novidades introduzidas nessa edição, as melhorias implementadas no gancho representam as inovações mais relevantes em matéria de jogabilidade. Responsáveis pela diversificação das estratégias usadas para os combates, é possível interromper um veículo em alta velocidade, por exemplo, lançando uma extremidade na sua carroceria e ancorando a outra no asfalto, causando um dano severo.
E quando for desejado percorrer uma grande distância nos mais de seiscentos metros quadrados de Panau, e ainda causar um estrago de grandes proporções no destino? Uma boa opção seria fincar o gancho em um helicóptero, se livrar do copiloto, dominar o piloto e, ao se aproximar do alvo, abandonar a aeronave para se colidir com o destino. O céu é o limite, há dezenas de veículos que podem ser utilizados para esse fim, e o jogador é constantemente incentivado a buscar as mais criativas abordagens para causar os danos mais intensos.
Contudo, apesar da notável dedicação da produtora Avalanche Studios de entregar um produto mais refinado do que o antecessor, há ainda alguns pequenos problemas. O sistema usado para as miras não chega a ser o mais preciso, e mesmo havendo a possibilidade de especificar um alvo além de um ponto fixo na tela, nem sempre o esforço sai como o esperado. As sequências usadas para situar o jogador na história igualmente poderiam ter recebido um tratamento mais adequado à produção, assim como algumas animações dos personagens e dos demais objetos presentes em cena. Esses aspectos, no entanto, apesar de serem frustrantes durante alguns momentos cruciais da história, não chegam a tirar totalmente o brilho do game.
E a melhor forma de conhecê-lo é experimentá-lo. Uma versão gratuita de demonstração está disponível para as três plataformas suportadas pelo game. Via Steam, é possível obter a demo para os PCs, mas é preciso observar que, como o jogo usa a tecnologia DirectX 10, somente é possível rodá-lo no Vista ou Windows 7 (o XP não é suportado).
Versões para o Xbox 360 e PlayStation 3 podem ser transferidas nas suas respectivas redes de distribuição de conteúdo. E, em todas, é possível explorar aproximadamente 60 quilômetros quadrados de Panau, por um máximo de 30 minutos.
Confira outros detalhes no site oficial.