Mafia II: sobrevivendo aos rigores do submundo do crime
Capturando a essência das organizações criminosas que atuaram durante a década de 1930 em território norte-americano, Mafia: The City of Lost Heaven foi uma grata surpresa. Produzido pela Illusion Softworks, e lançado no remoto ano de 2002, o game foi considerado, por público e crítica, um dos mais autênticos “simuladores de máfia” da sua geração. A prestigiosa reputação não foi por acaso. Além de contar com uma história envolvente e de uma minuciosa recriação do período retratado, as missões eram sóbrias e coerentes, convidando o jogador a participar ativamente como uma das peças que moviam as engrenagens do perigoso e imprevisível submundo do crime.
Passados longos 8 anos, repetir o feito não seria uma tarefa fácil. Tendo que competir com os inúmeros concorrentes que surgiram nesse meio tempo, e que inclui desde adaptações de grandes clássicos do cinema (como O Poderoso Chefão e Scarface, até a consagração da série GTA, para manter-se relevante dentro do subgênero, a produtora tcheca decidiu arriscar ao investir em uma abordagem ainda mais séria e crua.
Abandonando o glamour das historias envolvendo a vida atribulada de gangsteres, o recém-lançado Mafia II traz uma aventura bem mais sombria, tratando das consequências do período pós-guerra. O resultado? Nada mais do que um jogo de primeira!
Ambientada na fictícia cidade de Empire Bay, a jornada tem início no ano de 1943. A Segunda Guerra Mundial continua fervilhando, e o seu impacto econômico contribuiu para aumentar ainda mais a tensão entre as três famílias de mafiosos que lutavam entre si pelo controle do crime organizado na região. Não há heróis nessa história. Nem mesmo o jogador. Ao invés de assumir o papel de um agente da lei, tentando cumprir a nobre missão de restabelecer a ordem na cidade, ele deverá conduzir Vito Scaletta, um imigrante italiano que tem um único sonho: deixar de ser um mero capanga e se tornar um dos mais temidos e respeitados membros da famiglia Falcone.
Como era de se esperar, alcançar o seu objetivo será bem mais complexo do que parece. Além de ter que cumprir as rigorosas missões usando métodos nada ortodoxos, o vilão terá que lidar com as frequentes traições, os problemas envolvendo seus familiares, as emboscadas, as implacáveis perseguições policiais, o constante cerco das organizações rivais e todos os demais problemas enfrentados por quem participa de atividades criminosas. Ninguém disse que seria fácil…
Versatilidade é a chave da sobrevivência no submundo e, para conquistar uma boa reputação, Vito terá que dominar, no mínimo, três importantes habilidades: a luta corporal, elemento crucial para quando não houver armamentos por perto ou for preciso abater um inimigo sem chamar a atenção; o manuseio de artilharia pesada, que inclui parte do arsenal introduzido pela Segunda Guerra; e a perícia em pilotar veículos, usados tanto para se deslocar pela cidade, quanto um meio eficaz de derrubar um grande agrupamento de desafetos.
Em relação à sua estrutura, para o cumprimento das missões, Mafia II segue a mesma mecânica do seu antecessor. Basicamente, após receber uma tarefa, será preciso se deslocar até um determinado ponto do mapa, cumprir a ordem exigida e se mandar até outro ponto da cidade para obter a recompensa ou reconhecimento. Porém, há novidades, como a presença de Joe, um amigo de infância de Vito que o auxilia em momentos importantes da trama; e o novo sistema de cobertura.
Usado para se proteger durante os intensos tiroteios, é possível usar praticamente qualquer objeto presente em cena para evitar as rajadas de balas. O recurso, no entanto, representa bem mais do que um mero escudo. Exigindo estratégias eficientes para conseguir avançar pelas áreas apinhadas de inimigos, e um apurado senso de oportunidade para perceber o momento certo de sair da “toca”, devido à inteligência artificial acima da média demonstrada pelos adversários, agir dinamicamente, e não ficar parado em um só local, é um fator crucial para evitar ser surpreendido por vários inimigos de uma só vez.
O cuidado da produção em recriar um ambiente coerente com a década de 1940 é outro destaque que chama a atenção. Os cenários, caprichosamente decorados com acessórios da época, são simplesmente fantásticos, assim como as réplicas dos 50 veículos que podem ser conduzidos. O áudio também não ficou para trás, trazendo desde clássicos do período, como boletins jornalísticos que atualizam os fatos relacionados à guerra via rádio.
Mantendo a tradição de trazer uma história envolvente, dividida em 15 capítulos de tirar o fôlego, Mafia II, disponível para as plataformas Windows, Xbox 360 e PlayStation 3, dificilmente irá decepcionar os mais exigentes fãs do gênero. Uma versão gratuita de avaliação já está disponível, e pode ser obtida nas respectivas redes de distribuição de conteúdo dos consoles. Não perca!