Prince of Persia Forgotten Sands: um glorioso retorno ao passado
Quem poderia imaginar que a saga de um valente príncipe da Pérsia poderia ter uma vida tão longa? Lançado em 1989 para o Apple II (relembre-o jogando essa versão online), e passando por inúmeras adaptações para frequentar as mais variadas plataformas (inclusive nos consoles da geração atual, com gráficos aperfeiçoados sem alterar muito a jogabilidade), Prince of Persia conquistou, em sua época, um inegável sucesso. E que não foi por acaso. Trazendo atrativos como a animação fluída e realística dos seus personagens, o desafio de salvar a adorável princesa em menos de 60 minutos, e a azeitada fórmula que equilibrava combates de espadas com o deslocamento por cenários repletos de perigosas armadilhas e enigmas intrigantes, o inovador título, idealizado por Jordan Mechner, rapidamente se tornou um dos grandes clássicos da década.
Mas, passados 21 anos, qual seria o segredo da franquia para manter-se relevante até os dias atuais? Quem apostou na incansável dedicação dos produtores na inovação, buscando surpreender o jogador com novas abordagens, e apresentando mecânicas diferenciadas que mantivessem aceso o interesse do público a cada edição, acertou em cheio.
Veja o caso de Sands of Time, lançado em 2003. Introduzindo um herói com características bastante distintas de todos as encarnações anteriores, o título investiu em uma ação de tirar o fôlego, permitindo que as mais absurdas estripulias fossem desempenhadas no deslocamento pelos sofisticados cenários, enquanto o protagonista combatia as sucessivas ondas de inimigos, resolvia os criativos enigmas e até manipulava a ação do tempo. O senso de humor impresso nos diálogos também trazia uma nova dinâmica para o desenvolvimento da história, e o sucesso foi tão grande que rendeu duas sequências igualmente cativantes: Warrior Within e The Two Thrones.
Ao encerrar a trilogia, no entanto, a Ubisoft resolveu seguir por um caminho diferente. Batizado simplesmente de Prince of Persia, o título, de 2008, mais uma vez trouxe uma mudança na dinâmica da série, revitalizando aspectos presentes desde o original e introduzindo Elika, uma simpática personagem secundária que acompanhava e auxiliava o herói. E, mesmo sofrendo críticas de uma parcela dos jogadores, insatisfeitos com a necessidade de se adaptar ao novo sistema de controles e o baixo grau de dificuldade (o protagonista, por exemplo, nunca morria), o capricho da produção não apenas tornou essa edição em um importante capítulo da série, como serviu para atrair novos adeptos.
E a tradição de surpreender novamente se repete com o recente lançamento de The Forgotten Sands. Retomando o clima e a jogabilidade que marcou a trilogia, o título ignora sumariamente a abordagem do game anterior, apresentando uma trama situada entre os acontecimentos de Sands of Time e Warrior Within.
Tendo como ponto de partida a conclusão da sua jornada em Azad, o príncipe planeja usufruir de merecidas férias ao visitar o reino de seu irmão Malik. O que deveria ser um período dedicado ao repouso, acaba se tornando em uma rigorosa tarefa para o herói. Ao constatar que o palácio está sofrendo um impiedoso ataque de soldados, Malik, desesperado com a iminente possibilidade de perder o trono, recorre a uma saída nada ortodoxa: usar os poderes das legendárias areias do tempo para tentar derrotar a investida dos inimigos. O tiro, claro, saiu pela culatra, provocando um intenso caos pelo reino. E, aparentemente, somente o acrobático Príncipe da Pérsia terá as condições necessárias para reverter a situação.
Inicialmente, o título pode até aparentar ter a mesma mecânica que consagrou Sands of Time, mas há algumas empolgantes novidades. A mais bacana sendo a necessidade de dominar a essência de quatro elementos, que introduz uma nova dinâmica na forma com que interagimos com os cenários e a presença de inimigos.
Precisa avançar por caminhos alternativos ou atingir cantos inacessíveis? Use o poder das águas para congelar rios e cachoeiras. Está no sufoco, enfrentando até 50 inimigos de uma só vez? Use o fogo para produzir bolas incandescentes para derrubá-los, ou ganhe um tempo valioso ao aprisioná-los no interior de círculos em chamas.
E se for preciso reconstruir regiões do reino que foram destruídas? Invoque o poder da terra para que elas voltem a ser o que eram, ou utilize-o para aumentar a sua resistência perante os adversários ao torná-lo sólido como uma pedra. E nos momentos em que nem as acrobacias do herói são suficientes para dar longos saltos? Nada melhor do que usar os ventos como um meio de transporte, podendo até aplicá-los para atacar os inimigos de longe. As possibilidades são muitas, e, aliadas com a conhecida capacidade de controlar a ação do tempo, contribuem para tornam a jornada ainda mais excitante e diversificada.
Compatível com as plataformas Xbox 360, PlayStation 3 e Windows, e com versões ligeiramente diferentes para o Nintendo Wii e os portáteis PSP e Nintendo DS, o título só peca pela sua curta duração, podendo ser concluído, por jogadores habilidosos, em aproximadamente 8 horas.
Outros detalhes podem ser conferidos no site oficial.