Rock Band Unplugged: Uma banda que cabe no bolso

Rock Band Unplugged: Uma banda que cabe no bolso

Com a difícil missão de se sobressair dentre os títulos que exploram as habilidades rítmicas dos jogadores, a franquia Rock Band deu uma tacada de mestre. Além de empregar o tradicional controle em formato de guitarra, dispositivo utilizado por games como o consagrado Guitar Hero, a série inovou ao introduzir, em um só pacote, dois instrumentos adicionais: o microfone, convidando os aspirantes a cantores a testarem as suas aptidões em meio a um conjunto musical; e o controle moldado como se fosse uma bateria eletrônica, contribuindo para tornar ainda mais autêntica a experiência de participar de uma banda de garagem.

Apesar do sucesso atribuído ao uso desses instrumentos, para o lançamento de Rock Band Unplugged, a Harmonix decidiu seguir por um caminho ligeiramente diferente. Marcando a estreia da série no PSP, para manter a portabilidade, o uso dos controles externos foi completamente deixado de lado, empregando apenas os botões convencionais presentes no console da Sony. Porém, essa não é a única diferença. Por suportar apenas um jogador, e mantendo a necessidade de manipular todos os quatro instrumentos durante o andamento de uma performance, o grau de dificuldade foi sensivelmente aumentado, trazendo um desafio à altura até para os mais experientes jogadores das edições para os consoles.

Com uma jogabilidade que mescla a mecânica da série original com os títulos Frequency e Amplitude, dois clássicos também produzidos pela Harmonix, para obter uma boa pontuação é simples. Cada instrumento, incluindo os vocais, está associado a uma faixa específica, em que notas representando a canção surgem progressivamente pela tela e que devem ser ativadas no momento exato. O pulo do gato é que o jogador deverá harmonizar a performance da banda toda, demonstrando destreza ao gerenciar o tempo dedicado a cada instrumento, evitando degradar a qualidade do som produzido pelo conjunto.

O conceito é curioso. Semelhante ao espetáculo circense em que um único artista deve manter vários pratos girando simultaneamente no topo de hastes, o truque para não passar vergonha no palco consiste basicamente em balancear a atenção necessária para sustentar a correta execução de uma música. Por exemplo, após completar uma frase musical relacionada ao contrabaixo, o instrumento tocará sozinho por um determinado período de tempo, dando a oportunidade do jogador de se dedicar à bateria, à guitarra ou aos vocais. O problema é que o critério adotado para a mudança nem sempre é óbvio, exigindo uma boa percepção auditiva para não negligenciar um instrumento a ponto de colocar toda a performance a perder. A única exceção é durante os solos, em que o foco é automaticamente direcionado ao instrumento em questão.

Assim como nos demais títulos da série, gerenciar eficientemente a carreira profissional da banda é fundamental para alcançar o estrelado. Na modalidade Tour, é possível vivenciar as agruras e as alegrias de administrar todo o conjunto, definindo desde a aparência e a atitude dos integrantes, até a seleção de músicas que farão parte do repertório e os eventos a serem realizados. Quanto maior o número de fãs, maior o prestígio e o valor do cachê, abrindo oportunidades para tocar em outras cidades (e até países), investir na compra de novos instrumentos, contratar agentes e equipes de apoio e ter acesso a um catálogo mais aprimorado de canções, entre outros benefícios. Quem quiser apenas se divertir sem compromisso, há ainda a modalidade Quickplay, podendo servir como treinamento usando o limitado número de canções inicialmente disponíveis.

Outro aspecto que merece destaque é o eclético repertório. Com quarenta e uma gravações originais, foram incluídas várias vertentes do rock, incluindo clássicos das antigas, músicas do universo pop, hits alternativos e até pérolas do heavy metal. E embora a grande maioria já tenha aparecido nas demais edições, nove faixas são exclusivas, como “ABC”, do Jackson 5 e que é ótimo para habituar os iniciantes com os controles, “Would?”, clássico do Alice in Chains, e “Kryptonite”, do 3 Doors Down. O catálogo ainda pode ser ampliado, adquirindo novas músicas na PlayStation Store.

Em relação à apresentação, foi mantido o inconfundível estilo visual da série, com gráficos que, mesmo sendo serrilhados e terem menos efeitos de luz, se assemelham com as edições para o PlayStation 2. O cuidado com o áudio, elemento vital no gênero, também se destaca, apesar de ser recomendável o uso de fones de ouvido para perceber com clareza as várias nuances que podem auxiliar o jogador durante a execução de uma performance.

Mas nem tudo é positivo. Ignorar o suporte para mais de um jogador pode ser considerado como um deslize grave, principalmente quando a vocação do console de se interconectar é levado em consideração. Fora isso, Rock Band Unplugged tem todos os elementos para agradar aos fãs da franquia que gostariam de levar a sua banda de garagem virtual para todos os lugares.

Outros detalhes, como a lista completa das músicas, podem ser obtidos no site oficial.