Spore: Um universo em suas mãos
Se fosse para definir o jogo Spore em uma única palavra, certamente o termo mais apropriado seria “ousadia”. Idealizado por Will Wright, mentor de franquias de sucesso como SimCity e The Sims, o título surpreende ao apresentar um proposta ambiciosa e irresistivelmente inovadora: a de proporcionar ao jogador a experiência única de manipular todas as etapas de evolução de uma espécie, abrangendo desde a fase embrionária de um ser rudimentar, até a formação de uma sofisticada civilização em busca da supremacia do universo.
Além disso, o jogo, que levou mais de sete anos para ficar pronto, apresenta outro atrativo igualmente fascinante: a notória liberdade concedida ao jogador para produzir e personalizar todos os elementos que são fundamentais para o game. Sejam os atributos de ataque e defesa de uma criatura, ou as características mais sutis de uma civilização, praticamente todas as decisões ficam a cargo do jogador.
E embora essa proposta aparentemente megalomaníaca poderia ser considerada um tanto complexa para ser abordada por um game, especialmente quando são levadas em consideração a mistura de diversos gêneros e o cuidado necessário para definir os rumos da sua criação, o título não chega a ser complicado e tampouco inacessível. Graças ao grande investimento para simplificar ao máximo os vários editores embutidos no game, o processo de definição de criaturas, veículos e estruturas (como casas, fábricas e outros tipos de construções) é uma tarefa incrivelmente intuitiva e que incentiva o exercício da criatividade. E o mais importante: sem se tornar tedioso.
Logo no estágio inicial, após selecionar um dos planetas que servirá de moradia nas quatro primeiras etapas, é preciso definir se o ser que dará origem ao seu império será carnívoro ou herbívoro. Já nessa fase, fica claro que as ações e cada uma das escolhas feitas pelo jogador refletirão diretamente no destino desse ser, seja pela sua capacidade de adaptação ou pelo modo como o mesmo será tratado pelos demais –podendo ser visto como um predador ou uma presa fácil. Cada pequeno detalhe tem o seu papel, e não deve ser tratado como algo meramente cosmético.
E desde os primeiros estágios, o jogador encontrará dificuldades com a concorrência. Após uma bela seqüência de animação, que demonstra como a nova espécie chegou ao planeta, é preciso enfrentar o desafio de firmar-se em uma poça primordial habitada por outros seres que também desejam prosperar. Nessa etapa, é preciso evoluir rapidamente para não ser devorado, navegando em busca de alimentos para crescer enquanto coleta o DNA necessário para obter novas características que equiparão as futuras gerações.
Ao ultrapassar esse breve estágio, o único com gráficos bidimensionais, a aventura se torna ainda mais exigente. Na etapa “Criatura”, além de brigar pela sobrevivência, será preciso defender com bravura o seu território e conquistar outras áreas ocupadas pelas demais espécies. Podendo dizimá-las usando ataques que lembram a mecânica dos RPGs de ação, ou formando alianças que permitem recrutar aliados que fortalecerão as suas investidas contra as espécies mais resistentes, cabe ao jogador estudar as particularidades da região e seus habitantes para definir um plano eficaz que torne a sua criatura em um ser racional.
Com uma abordagem centrada em aspectos mais estratégicos, a terceira fase é ainda mais complexa. Não havendo mais um indivíduo para controlar, mas uma tribo inteira para ser gerenciada, o desafio consiste em se firmar-se como a primeira civilização dominante do planeta. Nada fácil, pois além de manter o controle do fogo, será preciso desenvolver e aperfeiçoar ferramentas, caçar alimentos e manter a tribo em segurança dos ataques de selvagens.
Mas isso não é nada comparado nas últimas duas fases. Em “Civilização”, a preocupação maior consiste em expandir o seu domínio construindo um império financiado com a exploração de especiarias. Conquistar outras civilizações, seja pelo emprego da força ou por meios financeiros, também é um aspecto importante, assim como a definição de delicadas relações comerciais e diplomáticas.
Na última etapa, chamada de Espacial, o jogador terá que empregar todo o conhecimento adquirido anteriormente para ganhar o título de Onipotente. Isso envolve expandir o seu império, terraformar planetas, conquistar raças alienígenas e se tornar em um mestre no comércio de especiarias. O céu é o limite, e mesmo após concluir as missões principais, a aventura não termina, permitindo que novas civilizações sejam exploradas sem que limites sejam impostos.
Com a ambiciosa proposta de mesclar diversos gêneros para simular as etapas da completa evolução de uma espécie, Spore é um entretenimento de altíssima qualidade para os apreciadores de games que exploram o conceito de brincar de Deus.
Compatível com Windows e Mac, e com uma versão simplificada para o Nintendo DS e dispositivos móveis, para obter outros detalhes visite esse endereço. Uma versão gratuita do editor de criaturas também pode ser transferida a partir desse endereço. A diversão está garantida.