The Godfather II: Se torne um poderoso chefão

Adaptar para o universo dos jogos eletrônicos filmes e livros clássicos não é uma tarefa fácil. Conseguir criar uma aventura inspirada nos acontecimentos mais marcantes de uma obra, ao mesmo tempo em que traz novidades para surpreender até os que conhecem a fundo a história, é um processo delicado e que nem sempre produz os resultados esperados. Mas há exceções notáveis. Lançado em 2006, The Godfather: The Game conquistou um enorme prestígio ao inspirar as suas missões nos acontecimentos do primeiro filme da consagrada trilogia, levando o jogador a participar ativamente dos eventos retratados pelo longa dirigido por Francis Ford Coppola.

Apesar do sucesso, ao definir os rumos da sua aguardada continuação, a Electronic Arts optou por seguir um caminho ligeiramente diferente. Apresentando uma trama que tem como foco a expansão dos negócios da família Corleone, com ênfase na eterna guerra pelo poder entre as organizações criminosas, o recém-lançado título chama a atenção pelas generosas liberdades que foram tomadas em relação ao roteiro do filme que serviu de inspiração. E embora essa ousada mudança possa agradar a uma parcela dos jogadores atraídos pela imprevisibilidade, ela também poderá frustrar alguns dos mais ardorosos fãs da genial obra escrita por Mario Puzo.

Qualquer que seja o caso, não foram economizados esforços para trazer todos os elementos que compõem uma empolgante jornada pelo submundo do crime organizado. Convidando o jogador a assumir o papel de Dominic, um dos capangas a serviço da família Corleone, a saga tem como ponto de partida a ilha de Cuba. Hyman Roth, um dos últimos sobreviventes da época de ouro da máfia, planeja expandir os seus negócios por lá, e para isso convocou os chefões a comparecer em Havana. Mas dois fatores inesperados, ocorridos a partir de 31 de dezembro de 1958, mudaram radicalmente o rumo das negociações: a tomada de poder de Fidel Castro, que causou na expulsão em massa dos estrangeiros; e o assassinato de Aldo Trapani durante a confusão, colocando um final na trajetória do protagonista do primeiro jogo.

A fatalidade, por outro lado, abriu uma nova vaga na organização criminosa, proporcionando ao Dominic uma oportunidade única para assumir os negócios em Nova York e adjacências. Mas seria o recém-promovido soldado capaz de gerar os elevados lucros esperados pelos Corleones? Ao mesmo tempo em que tenta expandir a sua presença no submundo do crime, impondo o devido respeito ao proteger os seus territórios do devastador apetite das famílias rivais?

A resposta para ambas as indagações se resume a um único elemento: a capacidade do jogador de gerenciar uma “família” capaz de alcançar todos os objetivos impostos pelo submundo do crime. Uma tarefa nada fácil.

Com uma mecânica similar aos jogos que exploram a atuação livre pelos cenários, uma das grandes sacadas do título foi incorporar elementos táticos que definem a forma de atuação do jogador. Tendo que lidar com os métodos nada convencionais praticados pela máfia, para acumular riquezas será preciso intimidar comerciantes, fazer extorsões e expulsar a concorrência da região, entre outras tarefas nada nobres. O segredo para ser bem-sucedido não poderia ser diferente: após identificar os requisitos de cada tarefa, ordenar ou contratar os capangas especializados em uma das seis especialidades para realizar o trabalho sujo.

Por exemplo, se for preciso resolver alguma questão através do confronto físico, deslocar alguns brutamontes pode ser a opção ideal para amedrontar os inimigos, as possíveis testemunhas dos crimes praticados pela sua gangue e qualquer outro tipo de ameaça de pequenas proporções. Quando as investidas não forem levadas em consideração, fazer uso dos serviços de um incendiário poderá ajudar a dar conta do recado, assim como designar um especialista em demolições caso seja preciso estourar um muro ou desalojar um desafeto.

Invadir áreas protegidas, ou cortar as comunicações dos adversários, é feito com o auxílio de um engenheiro. E se for preciso levantar fundos rapidamente e coletar documentos guardados em cofres? Os arrombadores são a solução. Por último, há os dedicados médicos, que recuperam a saúde dos integrantes da quadrilha.

O título ainda traz duas boas novidades: o Don’s View, que é um mapa representando o império de Dominic e que exibe todas as informações relevantes para concluir as missões e designar ordens; e o esquema de luta Black Hand 2.0, responsável por tornar os combates ainda mais intensos ao permitir golpes como arremessos nas paredes, joelhadas, pontapés e outras manobras implacáveis.

Há também uma pequena falha: a inteligência artificial, responsável pela ação dos demais personagens, não chega a ser muito exigente, demonstrando-se muitas vezes ingênua e inconsistente.

Apesar de alterar alguns eventos do filme, e concentrar a sua ação na guerra entre as famílias que exploram o crime organizado, o título não chega a desapontar. Podendo agradar em cheio os fãs das histórias cujos temas envolvem a complicado submundo da máfia, outros detalhes sobre o título, que está disponível para PCs, Xbox 360 e PlayStation 3, podem ser obtidos no site oficial.