Tom Clancy's EndWar: vencendo a guerra no grito
Recentemente, poucos gêneros têm recebido tamanho investimento relacionado à inovação dos seus controles quanto os jogos de estratégia em tempo real. Com o objetivo de conquistar o seu merecido espaço nos consoles de última geração, território ainda pouco explorado devido às limitações dos seus controles, o que não falta é o empenho dos desenvolvedores de introduzir novas formas de interatividade que têm o propósito de tornar a experiência ainda mais intuitiva e natural.
Um dos mais marcantes esforços nesse sentido, e que surpreende por dispensar totalmente o uso de gamepads, é o Tom Clancy’s EndWar, lançado para o Xbox 360 e o PlayStation 3 no final do ano passado. O seu maior atrativo? A promissora possibilidade de controlar todas as ações com comandos simples de voz.
Com o lançamento da edição para os PCs, que chega oficialmente no país com a distribuição da Synergex do Brasil, apesar do conforto de poder usar a tradicional dobradinha teclado/mouse, essa característica foi mantida intocada, abrindo mais uma opção de interatividade para os apreciadores do gênero ao possibilitar que os mais intrincados comandos sejam despachados com uma expressiva rapidez usando um simples microfone. E que vale a pena dominar.
O conceito, que se assemelha ao uso de um walkie-talkie, é fácil de ser compreendido. Com uma hierarquia predeterminada de comandos, cujos desdobramentos são progressivamente exibidos na tela, basta seguir uma sintaxe básica para manipular uma unidade. Ações envolvendo os conflitos são compostos de três elementos: a sua unidade, a ação e a unidade adversária. Por exemplo, quando for preciso atacar a tropa inimiga designada como quatro, empregando o poder bélico da sua unidade um, a ordem completa seria “Unit one attack hostile four”.
Manobras envolvendo apenas as unidades seguem um padrão diferente. Abortar uma investida da sua unidade dois, “Unit two abort” seria o comando correto. Para selecionar todos os integrantes de um grupo, como os tanques, bastaria utilizar “Calling all tanks”. O grupo atualmente selecionado também pode receber ordens expressas, como “Active group evacuate”, ocasionando no abandono imediato da área em conflito. Todos esses comandos podem ser treinados antes de iniciar uma missão, e apesar dos mesmos estarem em inglês, o mecanismo de reconhecimento de voz não é exigente, dispensando uma pronúncia impecável.
Como já é tradição nos jogos inspirados nas obras de Tom Clancy, a trama é complexa e envolvente. Abordando as relações entre as grandes potências mundiais, o conflito retratado em EndWar tem início no ano de 2016. Após um ataque nuclear devastador na Arábia Saudita, que resultou na destruição das reservas de petróleo que abasteciam o planeta, os Estados Unidos e a Europa assinaram um tratado para desenvolver um amplo escudo antimíssil, prometendo acabar com a ameaça de uma guerra nuclear ao proteger os seus respectivos territórios. A desejada paz, porém, estava longe de se concretizar. Devido ao desastre, a Rússia, que não fora convidada para integrar o acordo, passou a desempenhar um papel fundamental no fornecimento de combustível para o mundo, levantando recursos suficientes para voltar a ser uma superpotência bélica – e que contribuiu para fragilizar o acordo outrora formado.
Com a ruptura da aliança, o equilíbrio de poder se tornou ainda mais fragilizado, especialmente após a notícia dos EUA de construir uma base espacial com o objetivo de instalar armas direcionadas para os seus potenciais adversários. O resultado não poderia ser diferente: a tentativa de sabotagem de um dos lançamentos do programa, atribuído a um grupo terrorista, acabou trazendo uma grave consequência, servindo como estopim para a Terceira Guerra Mundial. Nesse complicado cenário, qual será o lado assumido pelo jogador? E quem levará a melhor?
É possível atuar controlando uma das três facções: EUA, que além de serem famosos por seus eficientes combates aéreos e terrestres, dominam as tecnologias relacionadas à robótica e à camuflagem; Federação Europeia, especializada em conflitos urbanos e que não desaponta nas batalhas envolvendo dispositivos eletrônicos; e a Rússia, dedicada ao uso de armamentos pesados e que possui a capacidade de adaptar os equipamentos para suprir as suas necessidades.
Dependendo da situação e da localização, as missões, que são ágeis, estão divididas em quatro tipos de atuação: Conquista, em que é preciso apoderar-se da metade dos postos de comando no campo de batalha durante um determinado período de tempo; Assalto, cuja vitória está atrelada à perseguição e destruição das unidades inimigas; Invasão, em que é preciso atacar ou defender os alvos predeterminados; e Cerco, cujo objetivo pode ser a captura do posto de comando principal e mantê-lo sob controle durante o tempo especificado, ou conseguir defender-se eliminando todas as unidades inimigas.
Nesse ponto, uma outra novidade se torna evidente: a perspectiva da câmera. Ao invés da conhecida visão superior do território, o jogador presenciará a ação a partir do ponto de vista de uma determinada unidade. E embora essa característica possa intensificar o ritmo dos conflitos, convidando-o a participar de todas as emoções ao transportá-lo para o meio de uma batalha, esse recurso traz uma frustrante desvantagem de não conceder a liberdade de visão proporcionada pelos demais jogos do gênero.
Apesar disso, EndWar diverte. No site oficial, além de obter informações sobre todas as plataformas suportadas, é possível assistir aos tutoriais com estratégias que ensinam todos os passos para vencer as missões e conhecer dicas valiosas para não fazer feio durante as campanhas em rede. Imperdível!