WET: nunca traia uma assassina profissional

WET: nunca traia uma assassina profissional

Se o cineasta Quentin Tarantino fosse produzir um game inspirado em algumas das suas obras mais marcantes, como Kill Bill, o resultado certamente seria bastante perecido com o recém-lançado jogo de tiro em terceira pessoa WET. Sem ter nenhum pudor quanto ao emprego exagerado da violência, o título, indicado para uma audiência mais adulta, chama a atenção pela abordagem de uma trama centrada na vingança cega e desenfreada, levando o jogador a participar de uma montanha-russa de fortes emoções ao mesclar um ritmo frenético de ação com as inevitáveis reviravoltas ao longo da jornada. Um prato cheio para os apreciadores do gênero interessados no constante desafio de enfrentar situações cada vez mais arriscadas.

Com um roteiro assinado por Duppy Demetrius, conhecido por seus trabalhos em séries de sucesso como 24 Horas e The Closer, a história não poupa elementos para supervalorizar as consequências de uma traição cometida contra uma assassina profissional. Introduzindo a protagonista Rubi Malone, a trama tem como ponto de partida a sua contratação para uma missão aparentemente descomplicada e rápida: encontrar o filho rebelde de um poderoso milionário.

Mas nem tudo é tão simples como parece. Durante a execução da tarefa, Rubi, controlada pelo jogador, descobre que foi vítima de uma cilada, encontrando-se em sérios apuros ao perceber que o preocupado pai não é bem o que diz ser. O resultado não poderia ser diferente. Com a ideia fixa de se vingar de todos que a colocaram nessa intrincada situação, e desvendar a causa dela ter sido escolhida para fazer parte dessa enrascada, a irada assassina parte com tudo, deixando um rastro de inconsequente destruição.

Mas a missão está longe de ser considerada um mero passeio. Rubi, inicialmente equipada com duas pistolas e uma afiada espada, deverá enfrentar ondas de algozes cada vez mais experientes e bem armados. Em contrapartida, uma habilidade peculiar, e que é uma das principais características do jogo, pode colocá-la em grande vantagem: a capacidade de desempenhar manobras acrobáticas usando criativamente os elementos que compõem os cenários.

Opções para empregar essa especialidade é o que não faltam. Quando for preciso se manter longe do confronto direto com os inimigos, se deslocar usando as barras suspensas e saltar pelas plataformas mais altas pode ser uma boa solução. E quando for recomendável surpreendê-los com ações ofensivas inesperadas? Deslizar de joelhos enquanto dispara a esmo ao irromper por uma área pode resultar em ataques eficazes, assim como os vertiginosos saltos com a espada pronta para uma investida certeira e a habilidade de correr pelas paredes. Essas técnicas ainda podem ser combinados de várias formas, e apesar de exigirem alguma prática para usá-las de modo eficiente, o título dá um alívio para quem precisa de um auxílio camarada nos momentos mais intensos.

Por exemplo, durante uma manobra, além da velocidade da ação ser diminuída para permitir que o ataque seja executado em detalhes, é possível travar a mira de uma das armas em um determinado adversário (de preferência, no mais habilidoso do grupo), enquanto a outra está livre para disparar contra os demais. O empolgante modo Rage, ativado durante os momentos de fúria extrema, também ajuda nos momentos mais intensos, permitindo investidas ainda mais precisas. E se o jogador se sentir perdido, basta ativar o recurso que revela uma trilha indicando o caminho certo para dar continuidade à aventura.

O título, no entanto, não requer apenas a destreza no uso dos armamentos. Para diversificar a ação, será preciso demonstrar reflexos rápidos ao apertar uma sequência de botões no tempo certo, ter presença de espírito para percorrer por locais infestados de bombas ocultas sem se ferir, aterrissar em segurança em ambientes tomados por escombros, participar de sequências frenéticas envolvendo veículos em auto-estradas e muito mais. Uma excelente sacada para evitar uma possível monotonia.

Visualmente, o jogo não deixa nada a desejar. Sua apresentação retrô, que lembra os filmes de ação da década de 1970, além de conferir um estilo interessante, contribui para reforçar a ação desmedida. Os cenários, ambientados em cidades como Texas, São Francisco, Londres e Hong Kong, igualmente se destacam, principalmente pela possibilidade de deixar um rastro de destruição. Sem contar com a trilha sonora característica e a dublagem dos personagens principais, que contribuem ainda mais para ambientar o jogador na história.

Mesmo sem trazer nenhuma grande inovação ao gênero, mesclando em um único título as mecânicas de jogos consagrados como Tomb Raider, Devil May Cry, Prince of Persia e Max Payne, WET agrada e consegue divertir durante toda a duração da campanha principal.

Compatível com as plataformas Xbox 360 e PlayStation 3, a versão gratuita de avaliação pode ser obtida nos seus respectivos canais de distribuição de conteúdo.