Zeebo: seria o fim da pirataria?

Zeebo: seria o fim da pirataria?

Com a intensão de combater a pirataria de games praticada nos países emergentes, e investir em uma plataforma que fosse atraente para as produtoras que desejam desenvolver jogos especificamente para esse mercado, a Tectoy, em parceria com a Qualcomm, está lançando no país um novo console produzido totalmente no Brasil. Batizado de Zeebo, e sem ter a pretensão de competir diretamente com os videogames da geração atual, a iniciativa tem como propósito oferecer jogos a preços acessíveis, ao mesmo tempo em que torna praticamente impossíveis as cópias não-autorizadas. Várias medidas foram adotadas para que esses objetivos fossem alcançados.

A mais marcante é a mudança no modelo de distribuição de conteúdo. Aposentando os tradicionais cartuchos e discos óticos, todos os jogos serão distribuídos exclusivamente pela ZeeboNet 3G, rede sem fio que emprega a mesma tecnologia dos dispositivos móveis e que não requer nenhuma assinatura adicional – basta ligar o aparelho para ingressar automaticamente. Essa funcionalidade, no entanto, está limitada à transferência dos jogos adquiridos para a memória interna do aparelho, não havendo ainda detalhes sobre a possibilidade de participar de competições online e os seus possíveis custos. Além disso, como a cobertura não abrange todo o país, é aconselhável consultar a relação com as cidades suportadas, que pode ser acessada no site oficial ao visitar a seção Console e ativar a opção ZeeboNet 3G.

Zeebo rodando Need for Speed: Carbon

Zeebo rodando Need for Speed: Carbon

Outro fator relevante é que, para obter os jogos, será empregado um sistema de troca de pontos designados Z-Credits. Podendo ser comprados através do próprio console, ou por cartões pré-pagos, o valor de cada título corresponderá a uma das três categorias básicas, que também indicam o tamanho máximo da transferência.

Zeebo rodando Double Dragon

Zeebo rodando Double Dragon

Por exemplo, os jogos mais em conta, que custam em média dez reais, integrarão a categoria simples, não podendo ultrapassar o limite de 8MB e sendo mais indicados para o público que prefere um entretenimento casual. Com até 25MB, estão os jogos da classe intermediária, que são mais aprimorados e poderão incluir remakes dos grandes clássicos. Por último, e custando aproximadamente 30 reais, há a categoria especial, que contará com os maiores lançamentos e se manterá no limite de 50MB. Até o final do ano, estão previstos 50 títulos de produtoras consagradas, como Capcom, Electronic Arts, Activision, Sega e Namco, entre outras.

Ao adquirir o console, que será vendido por um valor estimado de R$ 599,00, o jogador receberá seis jogos. Três deles já estarão instalados na memória interna do aparelho: Super Action Hero 3D e Treino Cerebral, duas opções bastante conhecidas pelos usuários dos celulares, e uma versão simplificada do popular FIFA. Pela rede, ainda será possível transferir, gratuitamente, mais três jogos: Need for Speed: Carbon e os cultuados títulos de tiro em primeira pessoa Quake e Prey Evil.

Zeebo rodando Peteca

Zeebo rodando Peteca

Porém, pelas limitações do hardware, todos os jogos foram adaptados para rodar na nova plataforma, não trazendo o mesmo visual apurado dos títulos quando eles foram lançados para os consoles e/ou para os PCs. Equipado com um processador ARM 11 / QDSP-5 de 528Mhz, uma unidade de processamento gráfico Qualcomm Adreno 130, 128MB de memória RAM, 1GB de memória Flash para armazenamento interno e uma saída de vídeo com resolução de 640 x 480, o Zeebo tem como missão competir com o consolidado PlayStation 2, plataforma que tem mais de oito anos de estrada e ainda é uma opção atraente para uma considerável parcela de jogadores.

Zeebo rodando Caveman

Zeebo rodando Caveman

Outra característica que não pode ser ignorada é que, além dos títulos estarem em português, por ser um console produzido totalmente no Brasil, o Zeebo poderá contribuir no fortalecimento do cenário nacional de criação de jogos. Um kit de desenvolvimento específico para o console, que utiliza a plataforma BREW, já está disponível, embora ainda não haja informações sobre as formas de licenciamento e as taxas praticadas. Mesmo assim, investir na produção de títulos para um console que se propõe a impedir que cópias indiscriminadas sejam feitas pode ser uma opção interessante.

Apesar de possuir um hardware pouco competitivo quando comparado com os videogames de última geração, Zeebo tem como grandes méritos a ousadia de buscar novos caminhos para reduzir a pirataria e conseguir atrair a atenção das grandes produtoras para adaptar alguns dos seus mais relevantes títulos para a nova plataforma. Se for cumprida a promessa de manter um catálogo constantemente atualizado com jogos interessantes, assim como garantir a política de preços acessíveis para o público-alvo, o console terá boas chances de prosperar.

Com previsão de chegar em todo o país até outubro desse ano, a partir dessa semana a cidade do Rio de Janeiro poderá experimentar com exclusividade a novidade. Mais informações, incluindo o manual de instruções e uma pequena amostra dos futuros lançamentos, podem ser obtidos no site oficial.